Realidade que dói
Beijar criança leva virose, mal estar e transforma a vida da mãe em pesadelo
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Semana passada, minha filha Maria Luiza foi diagnosticada com uma virose. Não qualquer virose. Não a virose clássica, genérica, daquelas que a gente até acha que pode curar com um banho e um chá de boldo. Foi doença da mão, pé e boca. Esse nome que mais parece um título de filme de terror série B. E foi mesmo: com direito a febre, bolhas e a minha sanidade emocional derretendo como picolé no asfalto de Teresina.
Eu adoro ser mãe, viu? Acho a maternidade uma das experiências mais transformadoras e lindas que já vivi. Mas tem umas coisas que vêm no pacote maternidade que eu, sinceramente, queria devolver no balcão do Procon da vida.
Por exemplo: gente que beija criança. Para quê? A criança tem bochecha fofa? Tem. Mas será que é tão irresistível assim que você precisa esfregar seus vírus nela?
Outra coisa: os palpiteiros. Essa categoria deveria pagar IPTU de tanto que ocupa espaço na vida da mãe. Sempre tem alguém pra dizer que a criança tá chorando de fome (mesmo depois de comer um pratão), que tá com frio (mesmo suando igual tampa de marmita), que “se fosse meu filho, eu faria diferente”. Pois então faz com o seu, cidadão.
Mas, de tudo isso, o pior mesmo é a doença. A doença infantil é a revanche da natureza contra a nossa arrogância. A criança sofre, a mãe sofre, o sono vai embora, a paciência tira férias e, em algum momento da madrugada, a gente se pega pesquisando no Google se “pode dar sorvete pra criança com afta”.
No fim, ela melhora, claro. Porque criança tem uma capacidade sobrenatural de regeneração. E a gente sobrevive. Porque mãe, mesmo esgotada, sempre sobrevive.
Mas olha, se você estiver por aí pensando em beijar uma criança hoje… pense duas vezes. Pense em mim, uma mãe com olheira no formato de mochila e um pote de pomada na mão, lutando contra a doença da mão, pé e boca.
Paz para todas as mães.

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