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Respeito às instituições

Bisneto de JK usa tom forte em defesa da democracia

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Autor/Imagem:
Pretta Abreu, Edição - Foto Divulgação

Bisneto de JK e Conselheiro do Memorial JK, o executivo André Octavio Kubitschek fez duro pronunciamento em defesa da democracia e das instituições nacionais nesta segunda-feira (18), durante a sessão solene em homenagem aos 62 anos da fundação de Brasília. A celebração do aniversário da capital foi proposta pelos senadores Izalci Lucas (PSDB) e Leila Barros (PDT) e teve a presença de parlamentares, pioneiros e dos ministros da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo César Rezende de Carvalho Alvim; do Turismo, Carlos Brito; e da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres.

Após destacar o papel de pioneiros e dos candangos, André Octavio Kubitschek lembrou que seu bisavô planejou o Brasil para sair do subdesenvolvimento pela aplicação do Plano de Metas, cujas bases foram executadas em um governo democrático e aberto ao diálogo. “Ao falar de democracia, da importância dos direitos de expressão e da liberdade de ir e vir, gostaria também de falar dos perigos do seu oposto: a ditadura”, disse.

Ele também enfatizou não só a história das realizações do bisavô, mas também o que classificou como “tristes episódios das perseguições sofridas por ele e família”. JK foi cassado em 8 de junho de 1964, menos de três meses após o golpe militar e passou três anos no exílio. Inconformado com o desmonte da democracia brasileira, retornou ao País em 1967, para organizar e participar da Frente Ampla, movimento suprapartidário comandado por JK, João Goulart e Carlos Lacerda, que objetivava a redemocratização do Brasil.

“Daí para frente, a agonia se multiplica, em constantes ameaças de sequestro e criação de dossiês falsos, com o objetivo de demolir o seu passado político e comprometer sua reputação. Desde que a família retornou ao Brasil, JK era obrigado a reportar os seus passos. Além disso, havia uma constante pressão psicológica, através de cartas ameaçadoras e telefones grampeados”, revelou. “É do conhecimento de todos, inclusive, o episódio da viagem do meu bisavô a Luziânia, quando seu avião sofreu uma pane e solicitou à torre de comando do aeroporto de Brasília autorização para pousar. Pedido que foi negado, tendo em vista que o fundador não podia visitar a cidade que criou”, acrescentou.

Para André Octávio Kubitschek, situações como essas fazem refletir sobre a importância do fortalecimento da democracia brasileira. “Muito mais que uma palavra bonita a ser jogada ao vento, democracia é uma ação conjunta, pautada na liberdade política, no respeito às instituições, no diálogo entre os três poderes da República, na responsabilidade social e nos deveres de todos para com a Constituição”, enfatizou.

Leia o discurso
“Em nome da minha família, é com muito orgulho que subo a esta tribuna, a mesma de onde Juscelino Kubitschek apresentou os múltiplos caminhos traçados para o bem do Brasil e dos brasileiros.
Quero agradecer ao Senado pela oportunidade de estar aqui nesta cerimônia comemorativa de Brasília, e externar minha gratidão aos senadores Izalci Lucas e Leila Barros pela organização desta solenidade.

Agradeço também ao Senador Randolfe Rodrigues e ao Conselho Editorial da Gráfica do Senado pela parceria na edição da série de livros com os discursos do presidente JK, proferidos no exercício dos cinco anos do seu governo, e que hoje temos a alegria de lançar o quarto volume.

Ao comemorarmos os 62 anos da nossa capital modernista, celebramos com ela um conjunto de valores que fazem de Brasília esta cidade única, detentora da maior área tombada do mundo, inscrita pela UNESCO na lista de patrimônio mundial, sendo o único bem contemporâneo a merecer essa distinção.

Meta-síntese do governo JK, Brasília representa a capacidade realizadora dos brasileiros. Arquitetos, engenheiros, trabalhadores, que em mil dias ergueram a nova capital do Brasil e, com ela, abriram as fronteiras internas do país, trazendo vida e desenvolvimento onde antes era cerrado e solidão.

Meu bisavô disse certa vez que era necessário a realização de uma nova dinâmica política no país. O Brasil Voltado até então para o mar que já havia alcançado certo nível de progresso, teria de empenhar-se em tomar posse efetiva do seu território, deslocando o eixo de desenvolvimento nacional para o resto do País. A mudança da capital seria o veículo, o instrumento, o fator que iria desencadear esse novo ciclo.

Brasília seria o polo irradiador de desenvolvimento do Brasil, o que se tornou possível graças ao famoso Plano de Metas.

Planejado para tirar o país do subdesenvolvimento, o Plano de Metas estava ancorado no estímulo à indústria nacional, para gerar empregos e riquezas; construção de estradas para o escoamento da produção; hidrelétricas para gerar energia abundante; educação para uma maior instrução, crença nas futuras gerações, e por fim uma produção de alimentos que abasteceria toda população. Um plano cujas bases foram executadas em cinco anos de mandato, num governo democrático, aberto ao diálogo e respeitoso aos três poderes da República.

E, ao falar de democracia, da importância dos direitos de expressão e da liberdade de ir e vir, gostaria também de falar dos perigos do seu oposto: a ditadura.

Cresci ouvindo as belas histórias das realizações do meu bisavô, mas também os tristes episódios das perseguições sofridas por ele e a família, frente às incertezas jurídicas criadas naquele momento, com o objetivo de causar instabilidade e constrangimento.

Cassado, passou três anos no exílio e inconformado com o desmonte da democracia brasileira, decide retornar ao país em abril de 1967. Seu objetivo, participar da Frente Ampla, movimento voltado para a redemocratização do Brasil.

Daí para frente, a agonia da família se multiplica, em constantes ameaças de sequestro e criação de dossiês falsos, com o objetivo de demolir o seu passado político e comprometer sua reputação.

Desde que a família retornou ao Brasil, JK era obrigado a reportar os seus passos. Além disso, havia uma constante pressão psicológica, através de cartas ameaçadoras e telefones grampeados.

Aqui cito a grande pensadora Hannah Arendt, que, em seu livro Origens do Totalitarismo, nos ensina que a tirania começa com a “banalização do mal”, isto é: quando torturar, perseguir, matar e ameaçar passam a ser gestos “naturais”.

É do conhecimento de todos, inclusive, o episódio da viagem do meu bisavô a Luziânia, quando seu avião sofreu uma pane e solicitou à torre de comando do aeroporto de Brasília autorização para pousar. Pedido que foi negado, tendo em vista que o fundador não podia visitar a cidade que criou.

Situações como essas, vividas pela minha família, nos fazem refletir sobre a importância da democracia. Quero ressaltar que muito mais que uma palavra bonita a ser jogada ao vento, democracia é uma ação conjunta, pautada na liberdade política, no respeito às instituições, no diálogo entre os três poderes da República, na responsabilidade social e nos deveres de todos para com a Constituição.

Ao comemorar os 62 anos de Brasília, quero destacar e reavivar a importância da história nacional e do grande estadista JK, que proporcionou aos brasileiros o orgulho da sua capacidade de realizar. Um Brasil inovador, moderno, democrático e livre. Um Brasil feliz das suas conquistas. Um Brasil bossa nova. Um Brasil campeão mundial de futebol. Um Brasil com uma economia pulsante.

Esse é o Brasil de JK, que transformou em realidade Brasília, a capital que demonstra a assertividade do seu propósito, sua força econômica, e sua integração nacional.

No aniversário da cidade que amamos, minhas homenagens vão para todos os brasilienses de ontem e de hoje.

Que Deus abençoe Brasília e Que Deus abençoe o Brasil!

Muito Obrigado!”

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