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Que governo?

Bolsonaro, em queda livre, já é comparado ao vice Flamengo

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Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo - Foto de Arquivo

Devidamente paramentado, deixei o recesso do lar para assistir, em um boteco próximo ao condomínio, à derrota do Flamengo para o Atlético Mineiro, resultado que, tudo indica, deverá se repetir nesta quarta (22), novamente no Mineirão. Frustrado e até um pouco chateado, não perdi o domingo, pois decidi usar o jogo apenas como pretexto para reencontrar amigos e, como não fazia há meses, para molhar o bico acima do permitido pela Lei Seca. Até aí, tudo bem. O problema começou quando alguns desses abestados comunistóides resolveram comparar o Mengão com o governo do mito Jair Messias, aquele que jocosamente já vestiu a camisa dos 223 milhões de clubes brasileiros.

Exageros à parte e para sorte do esporte bretão, felizmente torcedor algum o acolheu como companheiro de fileira. Muito pelo contrário. Além de pé frio e derrotista, sua excelência é considerada vira-casaca, denominação das pessoas que, tendo em conta seus interesses particulares, trocam de time e de partido como mudam de roupa. Assim como o político, o torcedor Bolsonaro é de somenos importância. Por isso, ultrapassemos esse exagerado nariz de cera e voltemos ao imbróglio do boteco. Após ouvir tal impropério – a tal comparação do Mengo com o Messias -, resolvi reagir. Esbaforido, subi em uma das mesas e, sem qualquer parcimônia, tomei de assalto a palavra para concordar discordando da estrambólica e bizarra comparação.

Diante do silêncio quase bolsonarista pós-eleição dos presentes, inicialmente lembrei dos feitos do Flamengo nos últimos três anos e meio. Ganhamos praticamente tudo que disputamos. Depois desse vitorioso preâmbulo, parti para os finalmentes. O time realmente está ruim. Repeti que está ruim e por uma única razão: independentemente do técnico, a turma esqueceu como se joga futebol. Embora o tempo seja curto para uma recuperação, tenho certeza absoluta de que o esquecimento é temporário. E o governo nesse mesmo período? Uma retumbante pergunta ecoou livremente pelo salão sagrado do reduto futebolístico: Que governo?

Aí está a diferença entre a nação rubro-negra e a nação destrambelhada, cujo líder jamais soube liderar, governar, politicar e administrar. Amadoristicamente e até com alguma infantilidade, ele (o líder) se imagina um craque apenas na arte de golpear. De forma precária, mesmo travestido de torcedor, o mito mal sabe o nome do goleiro das equipes que já lhe cederam camisas para o exibicionismo. Do mesmo modo que, ainda que disponha de zelosos colaboradores, desconhece as leis que obrigam qualquer condutor de motos a usar capacete. Como ele se acha acima do bem do mal, prefere não usar durante motociatas para, quem sabe, começar a mostrar o sorriso amarelo dos derrotados.

Como se tratava de um espaço reconhecidamente rubro-negro, isto é, absolutamente corporativo, o imbróglio não ultrapassou as quatro linhas da razão. Ficou somente na confirmação de que a inexistência administrativa tem como prova a certeza de que o principal inquilino dos palácios do Planalto e da Alvorada não consegue fazer o mais elementar dos deveres de casa. Pelo contrário. O presidente literalmente tocou fogo na República. E, ao que parece, além de insano, o fogaréu é irreversível.

Quanto ao Flamengo, apesar de manter a maioria dos milionários craques, claramente está com o favoritismo abalado. Nada, porém, que apague a chama acesa em cada coração vermelho e preto. A fé cega de nosotros é igual à faca amolada, nunca perde o fio condutor da emoção e da paixão. O Mengão está em baixa, mas a proposta vencedora e os ideais de mais e mais troféus na lotada galeria da Gávea são alimentadores dessa atração pelo Manto Sagrado. Voltando ao governo…..Que governo?

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