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Aliança no cartório

Bolsonaro cria e registra filho para salvar país

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Autor/Imagem:
Ka Ferriche

O tempo de uma gravidez foi praticamente o mesmo para boa parcela da sociedade dar à luz a mais um partido político brasileiro. Outros 76 estão na fila, além dos 32 habilitados no TSE. Mas não será um partido qualquer. O DNA do Aliança pelo Brasil revela o pai: o presidente da República, Jair Bolsonaro. Um fato incomum.

Após o rompimento com a agremiação pela qual foi eleito, o PSL, por divergências internas, Bolsonaro decidiu não migrar para outras já existentes. Tomada a decisão, encarregou o advogado e empresário Luiz Felipe Belmonte de organizar o parto. Seu histórico inclui um autoexílio na Inglaterra, após sofrer um assalto violento em São Paulo em 2009. Retornou oito anos depois. Belmonte afirma, ainda, que a motivação definitiva de deixar o Brasil foi a eleição de Lula, que contraria seus ideais republicanos.

Luiz Felipe Belmonte é o segundo vice-presidente do Aliança, casado com a deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF) e suplente do senador Izalci Lucas (PSDB-DF). Além destes, patrocinou outros oito deputados distritais, identificados com o seu conceito de um país para todos, respeitadas as diferenças. Para ele, é necessário igualdade de oportunidades, não o que pregam falsamente os partidos marxistas que destroem a classe produtiva, nivelando todos pela pobreza para dominar totalitariamente a sociedade e pilhar suas riquezas.

Vale notar que grande parcela da população atualmente percebeu que o plano da esquerda liderada por Lula era exatamente esse. Era. Porque, contrariando o grande arquiteto do PT, José Dirceu, não haverá retomada do poder na marra. Em entrevista ao Cafezinho com Pimenta – canal de entrevistas na web -, Belmonte comenta o Holocausto, quando nazistas mataram mais de 14 milhões de judeus. E chama a atenção para 150 milhões de execuções promovidas pelo comunismo – setenta milhões na China -, muitos travestidos de socialistas, em 50 países, nas últimas décadas. Todos fracassaram.

Segundo ele, a meritocracia é a moeda de desenvolvimento que estimula o esforço individual, o trabalho e os valores humanos. Perguntado sobre o que ele considera movimentos de esquerda e direita, comenta: “Quando o presidente (Bolsonaro) fala uma coisa, defende o Estado mínimo, dizem (opositores de esquerda) que é fascista. O fascismo se caracteriza pela prevalência dos interesses do Estado. Quem defende essa prática é a esquerda que quer o Estado máximo. Se nós defendemos o Estado mínimo, falar em fascismo é absolutamente desproporcional, incompatível e contraditório. – e conclui – Se querer as coisas claras, se defender o mérito baseado em princípios, defender a família, se isso é de direita, então nós somos de direita.”

O Aliança surge no momento em que há um consistente movimento pelo resgate dos valores morais, pela democracia de oportunidades, pela geração de emprego e renda, sem o falso assistencialismo promovido pelos governos petistas para subjugar a parcela mais pobre e desinformada da população. E dela extrair os votos necessários até implantar a sonhada ditadura e o Estado máximo. O circo de Lula e sua trupe deixou de presente para o Brasil, além de uma herança maldita que arruína os valores individuais e do assalto aos cofres públicos, a oportunidade de um discurso radical à direita que traduz os atuais anseios da maioria da sociedade brasileira.

Foi nesse ambiente que nasceu o Aliança. Muitos partidos recentes, alguns criados por oportunistas de plantão, outros por fusões, tentaram fundamentar suas legendas com a mesmice de sempre que não convence. E se for para convencer os eleitores de direita, os radicais e os nem tanto, que terão uma opção original nos próximos meses, o dever de casa foi cumprido.

Após a liberação pelo TSE da coleta digital de assinaturas, a cúpula do Aliança tem absoluta segurança de cumprir a primeira etapa em tempo recorde por meio desse instrumento. As próximas eleições, entretanto, podem ficar comprometidas se o tempo de conferência pelo TSE for o tradicional que demora meses ou anos. Mas existe um porém. Nesse momento, é provável que Belmonte e o grupo que lidera a formação do partido estejam buscando uma alternativa para o adjetivo (e substantivo de dois gêneros) que designa seus futuros filiados: aliancistas.

O problema é que assim eram designados os comunistas liderados por Luis Carlos Prestes, político de extrema-esquerda e presidente da Aliança Nacional Libertadora – ANL, criada com o apoio do PCB. Treinado na União Soviética, Prestes sonhava ver os aliancistas tomarem o poder na América Latina nos anos 30, para implantação de regimes totalitários. Prestes é fonte de inspiração petista. Sua mulher, Olga Benário, morta na câmara de gás nazista, é uma celebridade vermelha.

Não é um problema qualquer a ser resolvido. Criar um neologismo também não é solução. Lembrando que opositores já associaram o número escolhido, 38, ao calibre da arma de fogo. Certos riscos é melhor não correr quando uma esquerda despedaçada, mas com histórico de sobrevivência adversa, tenta manter seu falso discurso. Se sugestões são bem aceitas no novo ambiente que nasce, pode ser prudente voltar ao cartório e rever o nome da criança, que tem a paternidade de Bolsonaro e como padrinho. além de Luis Felipe Belmonte, o jurista Admar Gonzaga, secretário-geral da legenda em construção.

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