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Editorial - Carta ao Presidente

Bolsonaro, nem toda imprensa é vermelha. Existe o joio e o trigo

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Prezado presidente Jair Bolsonaro! Muitos veículos de comunicação social e jornalistas independentes, com seus blogs, muitos deles proliferando em cada esquina, reclamaram do cerceamento do seu trabalho para a cobertura dos atos de posse no Congresso Nacional, e de transmissão, no Planalto.

Foram arrancados de seus postos e encaminhados a chiqueiros daqueles em que os porcos são recolhidos para abate. Sua equipe, de forma atabalhoada e desinformada, chegou a agir com truculência.

Permita-nos dizer, Senhor Presidente, que foi um erro. Desde que nos entendemos por jornalistas, nós, os profissionais de imprensa, sempre fomos respeitados pelos demais Poderes Constituídos – o Executivo, o Legislativo e o Judiciário -, como o Quarto Poder.

Nem toda imprensa é servil a interesses escusos. A sua grande maioria é isenta, imparcial. E, mesmo não sendo dona da verdade, leva à sociedade brasileira, sem cores de quaisquer tons, os atos de Vossa Excelência e de seus co-irmãos no Poder.

A imprensa não caça as bruxas. Ela anuncia, quando muito, que as bruxas são caçadas pelos Três Poderes da República. O secretário de Governo de Vossa Excelência, general Santos Cruz, certamente sabe isso.

Notibras.com não fala em defesa da imprensa de um modo geral. Mesmo porque não tem procuração de nossas co-irmãs. Mas defende a livre circulação dos seus repórteres, analistas e comentaristas. E a liberdade de expressão.

Gostaríamos de manter com o Governo do Brasil agora iniciado, uma relação franca, cordial e respeitosa. Quando Geisel, em uma viagem para conhecer o trem bala a convite do governo japonês, ele, no comando do Planalto, elevou o tom da voz em uma entrevista para a comitiva de repórteres brasileiros.

A ele foi dito que a democracia, quase tão berço como a Grécia, ali (no Japão), vale. Se bem me recordo, Geisel, num rompante de ira, esmurrou a mesa. Na primeira parada, nós, do Quarto Poder brasileiro, abandonamos a comitiva presidencial. Demos uma parada em Paris para degustar uma taça de vinho. E o projeto trem-bala que Geisel tanto desejava para o Brasil, descarrilou.

O Brasil não pode ter um governo ditatorial. Seria contra-senso agir assim com a imprensa e ao mesmo condenar regimes vizinhos que invadem redações, fecham jornais, rádios e emissoras de televisão. Ensine ao seu pessoal que jornalismo do mesmo saco de farinha não existe. Há joio e trigo. E que eventuais ervas daninhas morrem por si só.

Saudações verde, amarelo, azul e branco. Mas sem submissão.

José Seabra
Diretor-Editor
Notibras.com

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