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Movimentos de guerra

Bolsonaro tem razão. Tratar salva, isolar não

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Autor/Imagem:
Ka Ferriche*

A pandemia de Covid-19 vai marcar o início do século, não pelo número de vítimas, mas por alimentar incalculável número de interpretações em todas as áreas do conhecimento humano. Estudos científicos comparativos alertam que a pandemia do momento matou até hoje, na Europa, um número muito próximo àquele de pessoas mortas pelo frio nas últimas décadas. Nada de anormal. Qualquer análise séria deve considerar os fatos, não hipóteses.

Então qual a razão do horror propagado no planeta? O pânico instalado mundialmente tem um único motivo, que decorre da velocidade geométrica de transmissão do vírus corona. Essa fulminante disseminação caiu como uma bomba sobre os sistemas de saúde dos países em todos os continentes. Quase todos não contam com uma rede organizada de atendimento. Outros nem têm.

O inimigo invisível impôs o lockdown além fronteiras da China. Dividiu nações. E opiniões. Desmoronou ricos e pobres e, como sempre, mais pobres que ricos. Vai deixar cicatrizes profundas na carne e na alma.

Nesse momento, é necessário observar os efeitos após a pandemia ultrapassar a vedete das manchetes da atualidade: a tal curva do gráfico sinistro que todos os governos querem achatar e ganhar tempo para construir unidades emergenciais de saúde, totalmente improvisadas. Um caos.

O isolamento não vai diminuir o número de vítimas, como querem fazer acreditar. A tal curva, ainda que achatada, terá o mesmo volume de mortos, só que distribuídos em maior tempo, só isso. Esse entendimento pode ser a motivação do descontentamento de Bolsonaro, contrariando explicitamente a cartilha dos especialistas. E, especialmente, de oportunistas.

Então ele sai às ruas e padarias para tomar um refrigerante, mesmo com o toque de recolher. É uma questão de interpretação e ele não está definitivamente contribuindo para a elevação do número de óbitos, embora desorganize o conceito pretendido de que ficar em casa é melhor.

As vítimas morrerão da mesma forma com o isolamento, em igual número, só que em maior prazo. Se não estivesse empenhado em enfrentar o inimigo invisível, o capitão não estaria reiteradamente recomendando o coquetel de hidroxicloroquina, azitromicina, zinco e outras drogas já existentes e testadas desde o século passado e defendida por muitos especialistas.

Ele tem razão. O isolamento não salva vidas. O tratamento, sim. Se a morte é certa para muitos, talvez o caminho para tentar salvar vidas seja mesmo administrar os medicamentos existentes. Atitude pragmática que contraria necessidades logísticas e, pior, interesses escusos, de motivação meramente política.

O problema de Bolsonaro, acreditam conselheiros próximos – não ouvidos -, é o timming. Ele não represa opiniões, segundo eles, não aguarda o momento certo, de forma estratégica. Ao antecipar suas convicções (diga-se, com surpreendente e expressiva razão) sem que a população entenda da forma correta o seu comportamento, o presidente apenas aumenta o arsenal dos inimigos públicos, que são muitos, instalados nos poderes Legislativo e Judiciário e em parte da imprensa.

A pandemia não tem nada de xingling, como a sabedoria popular denomina produtos de menor qualidade produzidos na China. De forma intencional ou não, o vírus da Covid-19 veio de lá e é muito bem desenvolvido e eficaz. E duradouro. Mesmo ultrapassando a temida curva de vítimas, capaz de colapsar os sistemas de saúde e a economia dos países, o agente invisível da pandemia é tão bem treinado, que vai formar um exército de infiltrados nas populações, portadores e disseminadores do vírus, conhecidos como assintomáticos. Esses indivíduos que não apresentam a doença, reúnem 30% do universo de infectados e a metade deles é transmissora inconsciente do vírus. Hoje e sempre.

Na obra de Alvin Toffler, Power Shift – As Mudanças do Poder (1990), o autor resume os ciclos de dominação, pela ordem: o poder pelas armas, o poder pelo capital e, agora, o poder pela informação. Podemos admitir que neste terceiro estágio, em uma análise livre, está a biotecnologia. Seja ela natural ou artificial, não importa.

Se não estamos vivendo uma terceira Grande Guerra, é precisamente um balão de ensaio perfeito. Sem um único tiro o mundo parou, foi imobilizado em tempo recorde, está rendido a um inimigo que ninguém vê. Os oportunistas nos efeitos da pandemia, em maior ou menor grau, já movimentam suas inteligências para a dominação final. Curiosamente, algumas economias já estavam preparadas para avançar territórios alheios após o primeiro ataque.

Coincidência ou não, o inimigo que veio da China ficará instalado em territórios alheios, formando um exército multinacional oculto que será conhecido para sempre como o pelotão Assintomático. Continuarão abatendo indivíduos sorrateiramente. Os EUA não esperavam por um ataque dessa magnitude e perfeição. Seus mísseis, drones, navios, soldados intrépidos, não servem para nada agora. A maior nação do mundo está de quatro. E não é capaz de acusar ou eleger um inimigo visível.

Pode ser que Bolsonaro tenha percebido tudo isso e queira antecipar seus movimentos para contra-atacar com sua arma, nada secreta, que é a cloroquina. Vão acusá-lo de ser frio, calculista, indiferente, caso sua motivação venha de estatísticas comprovadas. Um soldado não foge ao mundo real. Se, mais cedo ou mais tarde, vai morrer o mesmo número de feridos, então que morram logo. É mais barato e racional e muitos outros soldados poderão ser salvos de outros males, um deles igualmente cruel, que é a fome.

Então o capitão poderá antecipar a defesa para o próximo ataque do pelotão infiltrado em nosso território: o Assintomático. Aí está a Terceira Guerra Mundial. A China, disciplinada, consolidou a previsão de Toffler e fez um robusto combo de armas, capital e informação, esperando a batalha mortal. E nem é necessário sair de casa para participar dela.

*O texto não reflete necessariamente a opinião de Notibras

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