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Entrevista Exclusiva/Leandro Grass

Brasil da Esperança quer trazer para Brasília esperança de volta

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Autor/Imagem:
Pretta Abreu e Marta Nobre/Foto Nina Quintana

O primeiro candidato para enfrentar Ibaneis Rocha (MDB) nas urnas, em outubro, tem nome, sobrenome… e votos. É o deputado distrital Leandro Grass, que encabeça a chapa da Federação Brasil da Esperança no Distrito Federal. Estão juntos nessa luta o PT, o PV e o PCdoB.

A chapa será aclamada em convenção no domingo, 24, às 10 horas, no auditório da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria. Completam a chapa Olgamir Amância para vice-governadora e Rosilene Corrêa para o Senado Federal.

A formalização da candidatura acontece poucos dias após a passagem por Brasília do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que veio à capital da República para dar aval à chapa.

Leandro Grass, chegando ao Palácio do Buriti, promete regatar a esperança do povo em um governo sério, comprometido em acabar com os problemas que mais atingem a sociedade.

‘A aflição do brasiliense é geral. Não há um sistema de saúde em condições de atender satisfatoriamente, a educação é falha, a segurança anda tropeçando e o setor de transportes deixa muito a desejar’, disse ele nesta quarta, 20, em entrevista exclusiva a Notibras.

Leia a seguir os principais trechos da conversa com o (ainda) pré-candidato:

— Por que você resolveu ser candidato ao governo?

Minha candidatura não é resultado de um desejo pessoal, ou das pessoas que comigo trabalham. Pensava em me candidatar a deputado federal, mas as circunstâncias políticas me levaram à candidatura ao governo: era preciso ter alguém com profundo conhecimento sobre a cidade e sobre os problemas pelos quais passa o povo e com disposição para enfrentar sem medo o governador que tentará se reeleger.

— Pesou em sua decisão o fato de você ser considerado o parlamentar que mais fez oposição e mais fiscalizou o governo de Ibaneis?

Este governo é, sem dúvida, o pior da história do DF, e temos o dever de impedir que continue por mais quatro anos. A população foi abandonada, basta ver o que acontece, por exemplo, com a saúde, a assistência social, o transporte e a segurança. Este é um governo que não pensa no povo, mas nos grandes empresários e nos amigos do governador. O secretário de Saúde foi preso no exercício da função por causa de desvios no combate à pandemia da Covid, a chamada Brasília Iluminada foi um absurdo gasto de dinheiro público em benefício de poucos, há indícios de corrupção em várias áreas do governo, empresários amigos do governador recebem altos valores para alugar, desnecessariamente, seus prédios para o GDF. Se eu for mostrar todas as mazelas deste governo ficaríamos o dia todo.

— Você vai enfrentar um governador que tem a máquina nas mãos, tem muitos partidos aliados e muito dinheiro, tanto pessoal quanto do fundo eleitoral. É possível derrotá-lo?

Claro que é! Sei que estou enfrentando tudo isso, e mais uma elite econômica poderosa, os únicos beneficiados por este governo. Mas vejo que a maioria da população está insatisfeita e se vendo abandonada. Olha as filas nos hospitais, as UPAS que são só o prédio, sem profissionais e equipamentos, as pessoas dormindo ao relento para serem atendidas nos CRAs, o péssimo transporte público que temos, a insegurança nas cidades. A educação e a cultura relegadas. Temos, infelizmente, um sistema eleitoral em que o dinheiro tem peso, mas não é tudo. Nós temos um projeto coerente e bem definido para o DF, com foco nas pessoas. Temos um programa de governo e planos claros para resolver problemas que afetam o dia a dia da população. A campanha eleitoral nos dará a possibilidade de mostrar à população que podemos nos livrar deste desgoverno e melhorar a vida das e dos brasilienses.

— Ibaneis deixa claro que é o candidato de Bolsonaro no DF, você é o candidato do Lula, que lidera as intenções de votos mas que aqui ainda está ligeiramente atrás do presidente. Ter o apoio de Lula vai ajudá-lo?

Ibaneis fez opção pelo bolsonarismo que destrói o Brasil e, como Bolsonaro, foi péssimo no combate à pandemia. Tenho certeza de que Lula ganhará de Bolsonaro no Distrito Federal, temos pesquisas em que já está na frente, embora em empate técnico. Farei de tudo pela vitória de Lula e tenho o apoio dele, até porque eu sou do Partido Verde, que integra com o PT e o PCdoB a Federação Brasil da Esperança. Espero que os eleitores de Lula no DF votem também em mim para o governo, reconhecendo que sou o candidato que mais se afina com seu projeto. E que vote na professora Rosilene Corrêa para o Senado, para evitarmos que a cadeira do DF que está em disputa seja ocupada por uma bolsonarista.

— Ter muitos candidatos em oposição a Ibaneis não pode dificultar sua eleição?

Seria ótimo se tivéssemos conseguido unir todo o campo político progressista e que faz oposição ao governador, mas infelizmente isso não foi possível. Eu trabalhei intensamente por isso desde 2019, em inúmeras conversas e reuniões. Mas há questões que temos de considerar, como posturas políticas e ideológicas diferentes e apoio a outros candidatos a presidente. Tenho a certeza, porém, de que vou para o segundo turno e estaremos juntos para derrotar Ibaneis.

— Quais são suas prioridades no programa de governo?

A primeira versão do programa está sendo finalizada, mas mesmo durante a campanha estaremos recebendo novas contribuições. O combate à pobreza e o fim da extrema pobreza e da fome são nossa maior preocupação. O DF foi a unidade da federação em que houve o maior aumento da pobreza. Vamos implantar o Renda Cidadã, que vai unificar e ampliar os benefícios concedidos às famílias vulneráveis, mas não é só isso. Temos de melhorar substancialmente o atendimento na saúde, priorizando a assistência básica, a saúde perto de casa. Ter escolas de educação integral em tempo integral, a internet ao alcance de todos os alunos, um novo sistema de segurança mais próximo do cidadão. E temos de fazer uma revolução no transporte.

— O que é essa revolução?

Um novo modelo de gestão e operação do sistema de ônibus e mais integração com o metrô. Para começar, vamos mudar o sistema de remuneração dos concessionários, para acabar com essa derrama de dinheiro público para as empresas que prestam um péssimo serviço. Vamos substituir o pagamento por passageiro, que permite fraudes, pelo por quilômetro rodado. Só isso já fará uma enorme diferença. Vamos fiscalizar as empresas, o que não acontece hoje, pois elas fazem o que querem. Os ônibus terão de ser confortáveis e seguros, e cumprir rigorosamente os horários. E as tarifas serão reduzidas progressivamente, rumo à tarifa zero.

— Como reduzir as tarifas?

Em primeiro lugar, mudando o modelo, reduzindo os custos. Vamos criar o Bilhete Ir e Vir, que beneficiará o usuário habitual do sistema, aquele que anda de ônibus e metrô todo dia. Não estamos inventando nada, esse sistema já existe em outras cidades, especialmente na Europa. O passageiro compra um cartão que, por um valor mais reduzido, lhe dará o direito de usar o sistema livremente, por uma semana, uma quinzena ou um mês. Poderá pegar quantos ônibus e quantos metrôs quiser, naquele período. Só isso já reduzirá o gasto pessoal com passagens.

— E o passageiro eventual, que pega o ônibus ou o metrô sem regularidade?

Esse passageiro pagará cada passagem, mas além de reduzirmos progressivamente o valor dela, vamos estudar a implantação de algumas linhas gratuitas, como, por exemplo, as que ligarão os bairros mais distantes aos terminais e estações ou às vias por onde passam os ônibus de longa distância. Poderemos tornar gratuitas as passagens dos corujões, na madrugada. Vamos estudar minuciosamente todas as possibilidades.

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