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Ignorância e ignorantes

Brasil de Luiz Inácio recupera enfim o protagonismo global

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Mathuzalém Júnior* - Foto Adriano Machado

Embora não sejam sinônimos, ignorância, hipocrisia e desinteligência andam de mãos dadas. Juntas, são o grande mal da humanidade, principalmente porque estão naturalmente prontas a se admirarem. Elas só se separam quando o condutor desses sentimentos percebe que eles impedem o conhecimento de outras realidades. Didaticamente, esse “fenômeno” é explicado de forma bastante simplória: a mudança é das poucas coisas que incomoda a ignorância. Antes de continuar, lembro de duas frases dos longínquos idos de minha adolescência: “A ignorância é atrevida porque acha que sabe tudo. Já a sabedoria é cautelosa porque sabe que sempre pode aprender algo novo”.

Por falar em sabedoria, ela e a ignorância se transmitem como doença. Está aí a razão pela qual tenho sempre necessidade de escolher minhas companhias. Atualíssimos, todos esses conceitos deveriam ser humanizados, mas, infelizmente, permanecem de pouco uso. Enquanto torcemos pela efetivação das mudanças, a história nos lembra que a ignorância normalmente está presente no início de qualquer tragédia. A calamidade humana vivida pelo povo Yanomami é o maior exemplo de que a ignorância é o elemento mais violento da sociedade.

Por culpa exclusiva da omissão do governo do tenente Jair Messias, milhares de indígenas vivem em grave situação de desnutrição. Estavam entregues à própria sorte, sob a direção de garimpeiros ilegais e à mercê do crime organizado. Somente esta semana, o atual governo salvou da morte por inanição mais de mil nativos. É nesse ponto que começamos a perceber que a diferença entre um homem sábio e um ignorante é a mesma entre um ser vivo e um cadáver. Terroristas ou não, os bolsonaristas avaliam como fake news a tragédia dos Yanonami.

Esquecendo que a maior tragédia do Brasil atende pelo codinome de mito, os patriotas têm sistematicamente atacado o Exército pela ajuda humanitária aos índios. Entre ironias e protestos, os radicais de bosta que torciam por um golpe militar preferem a morte à recuperação da terra e do povo Yanomami. Do meu catre, posso garantir que eles (os índios) farão muita falta. Quanto aos patriotas de fim de semana, não os troco por um pacote de Cibalena vencida, tampouco por um de Melhoral mofado. Em outras palavras, que o ministro da Justiça, Flávio Dino, dê a eles o fim desejado pelos brasileiros da paz, do amor e da solidariedade.

Gordinho atravessado na garganta de Bolsonaro, Flávio Dino é tido hoje como o maior peão boiadeiro do Brasil. De acordo com memes produzidos por pessoas que torcem pela vida, foi Dino quem conseguiu cercar, cadastrar, trocar de pasto, vacinar e confinar o gado para engorda. É um direito dos ignorantes continuar ignorantes. Todavia, o continuísmo do apedeutismo também me garante o dever de, respeitando o direito à liberdade, afirmar que, pelo andar da carruagem, tudo indica que o único antídoto contra o bolsonarismo e os bolsonaristas será a prisão. Afinal, cada um tem o paraíso que merece. De resto, com Luiz Inácio, o Brasil recuperou o protagonismo global.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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