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Brasil e Argentina se unem para investigar os crimes da ditadura na Operação Condor

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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e a procuradora-geral da Argentina, Alejandra Gils Carbo, assinaram na quarta-feira (26) em Buenos Aires um acordo de cooperação internacional para a formação de uma equipe conjunta de investigação a fim de apurar os crimes cometidos pelas ditaduras militares dos dois países. O planos é investigar, em especial, as ações da chamada Operação Condor, canal de cooperação entre os órgãos de repressão das ditaduras da América do Sul.

A ECI-JT (Equipe Conjunta de Investigação – Justiça de Transição) terá sedes no Rio de Janeiro e em Buenos Aires e será formada por três membros de cada Ministério Público. Documentos das Forças Armadas que estavam em posse do tenente-coronel Paulo Malhães,  morto em seu sítio no interior no Rio de Janeiro em abril, comprovam que a Operação Condor, até então negada pelas Forças Armadas e pelo Ministério das Relações Exterioresde fato existiu e era de interesse dos militares.

O Ministério Público Federal encontrou dois relatórios produzidos entre 1978 e 1979 sobre a “Operação Gringo” na casa do coronel. O foco principal desta operação era acompanhar os movimentos no país de esquerdistas do grupo Montoneros, da Argentina, descritos pelos militares do CIE (Centro de Informações do Exército) como integrantes de “organização subversiva e terrorista”.

Em depoimento à Comissão Estadual da Verdade, Malhães confessou ter ajudado a prender argentinos adeptos de movimentos revolucionários que buscavam refúgio ou que passavam pelo Brasil e relatou a captura de um líder do grupo Montoneros, cujo nome não foi revelado. “Aí o presidente me chamou: ‘Malhães, qual foi a cagada [sic] que você fez aí [no Rio de Janeiro]? Sequestrou um argentino importante?’. Eu sequestrei. Eu realmente sequestrei. Mandei de volta para a Argentina”, declarou.

Malhães, que confessou ter torturado e matado presos políticos na ditadura morreu em 25 de abril em sua casa em Nova Iguaçu (RJ) após ter seu sítio invadido. Três pessoas foram presas acusadas pelo crime. Segundo a polícia, houve um latrocínio: o grupo queria revender as armas que o coronel guardava em casa. A polícia descartou a possibilidade de o crime ter relação com a atuação de Malhães como torturador na ditadura.

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