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Sabão e gel não é tudo

Brasil não tem espaço para novo Pôncio Pilatos

Publicado

Autor/Imagem:
Ka Ferriche

Ao enfiar o nariz onde não deve, a maioria dos brasileiros está exposta à Covid-19. Boa parte dos portadores e transmissores do coronavírus está nessa condição por absoluta ignorância, ao desprezar mesmo a restrita oferta de informação. São aqueles que julgam estar de férias e aproveitam para fazer um churrasco e uma cervejada com a família e amigos. No play do condomínio ou na laje.

Outra parcela que engorda as estatísticas é formada por descuidados e principalmente por trabalhadores sem opção de cumprir quarentena e que continuam nas suas jornadas de trabalho em tarefas indispensáveis à população e à economia. Não interessa. A pandemia chingling nivela todos como alvo de seu pavor no mesmo patamar, ainda que alguns grupos morram mais que outros.

Existe um aspecto que a grande mídia, embora tenha alertado insistentemente a necessidade de lavar as mãos e o uso do desaparecido álcool em gel, não tem veiculado detalhes da dinâmica do vírus. Um mal que é transmitido até pela respiração, é bom frisar.

Mas quanto tempo ele sobrevive e em quais superfícies ele se mantém e por quais períodos estimados? No chão, na roupa, na pele, no cabelo, na mesa, na madeira, no mármore, no plástico, no papel das embalagens do delivery, no isopor do cheeseburguer, na água da piscina, nas moedas, nas cédulas de real e de dólar, que é o que interessa. No sol, na chuva, na sombra, no quente, no frio.

Microondas mata o vírus? Dentifrício mata o vírus? Parece óbvio que sim, mas algum especialista deve garantir isso nas redes sociais. Não é possível que a população dependa apenas do sabão e do álcool em gel como proteção. Estão faltando essas informações nas redes on e offline de comunicação oficial.

Não há a recomendação explícita para que após o uso de máscaras e luvas elas devam ser imediatamente jogadas no lixo. E o lixo no lixo. Seria muito mais eficaz trocar as coletivas de imprensa repletas de ministros mascarados por recomendações didáticas e alternativas de combate ao primeiro mal mundial do século.

No lugar de dezenas de Vale a Pena Ver de Novo, mais útil seria difundir exaustivamente essas informações. Com alternativas de proteção, que devem ser inúmeras, seriam evitadas as pancadarias nos supermercados entre os compradores de álcool em gel; populações carentes poderiam encontrar defesa na falta do sabonete; a subsistência dos grupos de risco poderia ser ampliada.

Onde está a criatividade dos responsáveis e especialistas? O Brasil precisa de alternativa às alternativas amplamente divulgadas. A previsão é a de que 70% da população sejam infectados após o previsto colapso do sistema de saúde, na primeira quinzena de abril. Haverá mais pessoas, que mesmo infectadas, poderão suplantar o vírus como uma gripe comum.

Por enquanto, nem iniciamos a subida para o ápice da maldita curva que deverá tirar muitas vidas. As pessoas querem respostas úteis ou continuarão seguindo fake news, utilizando produtos clandestinos e ingerindo garrafadas de raízes. Não há recomendação explícita sobre a assepsia do nariz que é a principal porta de entrada, mesmo que a mão não toque o cheirador de tudo e aspirador do corona.

Não adianta programações extensas na TV sobre o tema que apenas apresentam estatísticas. Algumas alternativas criativas circulam na web, parecem eficazes, mas devem receber o aval das autoridades. Ou não. Boa parte da população está consciente da grandeza do mal, não deseja congestionar os postos de saúde, mas precisam de informações mais precisas para tomar outras providências, além de lavar as mãos.

A impressão que fica é a de quem está lavando as mãos são as autoridades responsáveis, ainda que isso não seja verdade. As perguntas estão aí. Basta respondê-las e poderemos avançar muito mais rápido contra esse mal.

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