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Cúmulo da hipocrisia

Brasil sairá do caos mesmo com os golpistas que defendem ódio

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Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo - Fotos Reprodução

Contra o fascismo, a tolice e a intolerância não há muitos argumentos. Um dos poucos é o silêncio. É a resposta mais simplória. Afinal, a inteligência não deve dar palpites onde pulula a ignorância. Parafraseando Mahatma Gandhi, “muitas pessoas, especialmente os ignorantes, querem punir você por falar a verdade, por estar correto, por ser você”. Em tempos de Copa do Mundo, o cúmulo do farisaísmo e da hipocrisia de uma minoria de brasileiros foi ignorar a Seleção e os gols de Richarlison contra a Sérvia. Protestando por nada, orando para Belzebu e gritando palavras de ordem para louvar um líder que eles mal conhecem, essa horda se mantém enrolada na Bandeira Nacional e adornada com a camisa canarinho, mas faz questão de assumir que não quer ser confundida com torcedores do mundial. Fiquem tranquilos, porque os torcedores de fato (os do bem e da paz) é que não admitem ser confundidos com os estultos, os falsos cristãos.

Estes têm de ser apresentados ao verdadeiro cristianismo, cujo símbolo é uma cruz e não uma espada. Se querem um país melhor, também tenho a solução: deixem-no. Não farão falta alguma. Vocês precisam sair da redoma em que vivem. De uma vez por todas, entendam que, se há um dono do país, são aqueles que trabalham para manter a histeria e o ócio remunerado de sanguessugas como os patriotas de araque. Por qualquer razão, em tempos de Copa do Mundo, não comemorar um gol nacional é o cúmulo da hipocrisia. Em tempos pós-eleição, o auge do hipócrita é não permitir que os vencedores comemorem a vitória. Acima disso, só falta o mesmo povo brasileiro (o da hipocrisia e da insensatez) querer adotar tons diferentes para um dos principais símbolos do país: a Bandeira Nacional.

Verde e amarelo desde que foi criado, o pavilhão é de todos e não há porque ser imaginado na cor vermelha, como eles pregam. Vermelho devem ser os olhos desse povo destilando ódio e dor. Também é mais do que exagero associar a bandeira a um único candidato. Nas últimas semanas, ela (a bandeira) transformou-se em objeto do desejo dos integrantes da seita do pai Jair Bolsonaro. Todavia, a serventia é patética, quase apalermada. Como uma alegoria carnavalesca, ela tem sido usada para adorno de cabeça, de automóveis e até de varandas terceirizadas para o deboche e para a baderna. Fazendo piqueniques diários em frente aos quartéis localizados nos grandes centros, poucos desses patriotas sequer lembraram que o Dia da Bandeira do Brasil foi comemorado no último dia 19. A data passou batida até para o super patriota Jair Messias, ainda presidente em exercício.

Logo ele que, durante o período eleitoral, ordenou a instalação de versões gigantes do pavilhão nos palácios do Planalto e da Alvorada. De tão grandes, as bandeiras acabaram como alvos fáceis para a força do vento que sopra nesta época do ano em Brasília. Ele (Bolsonaro) também nunca percebeu que, sem dono ou partido, a bandeira pertence a todos nós. Respeitá-la é um dever e uma afirmação de nossas nacionalidade e cidadania. É, sobretudo, a forma mais cristalina de respeito aos valores democráticos e republicanos. Hoje, passados 29 dias e algumas horas do resultado definitivo da eleição presidencial e em plena Copa do Mundo, o verde e o amarelo têm duas conotações bem distintas. De um lado, a alegria pelas vitórias da democracia e da Seleção contra a Sérvia; de outro, a melancolia e a tristeza adquiridas por aqueles que teimam em questionar o inquestionável.

Reitero que não hipótese de retrocesso político, muito menos eleitoral. Quer queiram ou não os insatisfeitos, o que está posto é irreversível. O Brasil vai dar certo. E não importa o tempo de espera, mas sim o resultado dela. Quanto aos fariseus, vale lembrá-los que errar é humano, insistir no erro é teimosia e permanecer errando já é palhaçada. Pior é, achando que está certo, formar agrupamentos para persistir. Aí é banditismo. Já fizeram a pergunta, mas não custa repeti-la. Qual seria a reação das Forças Armadas e dos organismos de segurança do país caso Jair Bolsonaro tivesse ganho a eleição e fossem os petistas responsáveis pelos bloqueios de rodovias e e pela invasão do entorno dos quartéis? Será que eles seriam tão lenientes e parcimoniosos com os simpatizantes de Luiz Inácio? Obviamente que não. Então, por que permitem a baderna? Ordens superiores? Subserviência? Conivência? Simpatia com o golpismo? Falta de comando?

Quem sabe desrespeito no mais alto grau à Constituição e absoluta despreocupação com a população ordeira e que escolheu o que, no entendimento de mais de 60 milhões, era o melhor para o Brasil neste momento de desordem e de penúria política e econômica. Nossas autoridades passam a impressão de que realmente apostam no caos. Assistir e ajudar a errar é sinônimo de se envolver com a causa, ainda que ela não seja o caminho da comunhão. É um risco querer levar o país para a beira do precipício. Junto de seu “cercadinho”, o presidente em exercício talvez não tenha atentado para a máxima de que, se as coisas não andam bem em nossa cabeça, elas não andam bem em lugar algum. Ele lembra os que criam suas próprias tempestades e depois ficam tristes quando chove. Ninguém de bom senso exige do mandatário que ele seja igual ao vencedor. No entanto, a maioria sugere que, mesmo sem consideração, que aceite as diferenças, principalmente a derrota, sob pena de seu futuro, o futuro do adversário e o futuro do Brasil se tornarem insuportáveis. Que venha a Suíça. E que os patriotas continuem torcendo contra. Melhor para a Seleção que eles e Neymar estejam longe.

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