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Seleção olímpica de futebol masculino se vinga dos 7 a 1 com ouro inédito

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Bartô Granja, Edição

Ufa! Foi nos pênaltis, mas valeu. Mais de sessenta mil pessoas gritaram o tão sonhado é campeão (olímpico) no futebol masculino. A medalha de ouro inédita veio na noite deste sábado, no Maracanã, em vitória do Brasil sobre a Alemanha por 5 a 4, nos pênaltis, após empate de 1 a 1 no tempo normal e 0 a 0 na prorrogação.

Esse resultado acaba com dois traumas do futebol brasileiro de uma só vez. Apesar de não apagar os 7 a 1 sofridos para a Alemanha na semifinal da última Copa do Mundo, serviu para o público brasileiro ver o algoz derrotado em terras nacionais. Além disso, enterrou a sina de nunca ter conquistado o ouro olímpico em um esporte no qual é pentacampeão mundial.

Neymar abriu o marcador no primeiro tempo, mas não seria tão simples quanto alguns poderiam pensar. A Alemanha levou drama e mostrou, com outros jogadores, por que é a atual campeã do mundo, e Max Meyer empatou no segundo tempo. A conquista só veio com drama, nos pênaltis, com Neymar marcando o gol decisivo após Weverton defender a cobrança de Petersen.

Travessão e sorte – O título é também uma recompensa a um técnico até então desconhecido, Rogério Micale, que se propôs a respeitar as características e a essência do futebol brasileiro. O jogo bem jogado, ousado, ofensivo.

Após decepções seguidas como a derrota por 7 a 1 para a Alemanha na Copa de 2014, e participações desastrosas em Copas Américas, o Brasil volta a conquistar um título de peso. “O campeão voltou”, celebrou a torcida que lotou o Maracanã.

As três bolas que a Alemanha acertou no travessão no primeiro tempo servem para dar a dimensão do quanto o jogo foi difícil para a seleção brasileira. O time de Horst Hrubesch confirmou o que se esperava: é muito bem armado, entrosado, frio e perigoso ao atacar e ainda mais ao contra-atacar.

O Brasil até se expunha, mas tinha o mérito de não deixar a Alemanha respirar. Sempre que os adversários tentavam sair da defesa, aparecia um brasileiro pressionando, marcando forte. Muitas bolas foram roubadas ou retomadas assim.

Renato Augusto fazia grande partida, tanto na destruição de jogadas como ao começar a construí-las. Talvez tenha exagerado nas vezes em que procurou Neymar, sempre bem marcado, o que fez com que algumas jogadas acabassem não saindo.

Neymar se mexia bastante, fez algumas jogadas individuais, tentou tabelas. E recebeu faltas. Numa delas, o Brasil saiu na frente. O atacante cobrou com perfeição, no ângulo, sem defesa para Horn. O Maracanã explodia.

Na comemoração, Neymar comemorou imitando o raio característico Usain Bolt, que estava no Maracanã – foi para ver o jogo e conhecer o camisa 10 depois da partida. O jamaicano, que assistia o jogo ao lado do pai do craque, aplaudiu, entusiasmado, e o atacante decretou: “Eu mando aqui!”, falou, apontando para o gramado do Maracanã.

O Brasil estava bem em campo, apesar de algumas atuações apagadas como a de Gabriel Barbosa, mas a Alemanha não podia ser desprezada. Mesmo porque fazia uma jogada que o técnico Rogério Micale havia previsto: seus atacantes afunilavam, abrindo espaço para as subidas dos laterais.

Ao lado do campo, sempre de pé, Micale dava instruções e tentava corrigir o posicionamento. Mas a seleção tinha dificuldade para controlar esse tipo de jogadas e dava espaços. Mas, ao fim da etapa, apesar dos três sustos, e da grande defesa feita por Weverton aos 30 minutos em chute de dentro da área de Meyer, o Brasil continuava sem tomar gol na Olimpíada.

A invencibilidade acabaria aos 13 minutos da etapa final, após jogada alemã pela direita do ataque, com bastante espaço, e um cruzamento rasteiro para a área onde Meyer, livre de marcação, bateu firme para empatar. A jogada que terminaria em gol aconteceu depois de mais um erro na saída de bola do time brasileiro.

Naquela altura, a seleção fazia um segundo tempo irregular. Atacava, criava algumas situações. A concentração, porém, já não parecia a mesma e o time errava muitos passes. Também demonstrava alguma impaciência, algo que não ocorrera na etapa inicial.

A seleção estava perdendo o setor de meio de campo, e era preciso equilibrar o setor. Micale, então, tirou o neste sábado inoperante Gabriel Barbosa e colocou o meia Felipe Anderson em campo.

A torcida estava aflita, mas fazia sua parte, vaiando os alemães quando estes tinham a bola e tentanto empurrar os brasileiros. E lamentando as chances perdidas, como a de Felipe Anderson na cara do goleiro após belo lançamento de Neymar – ele furou.

O Brasil retomara o domínio do jogo, atacava bastante, criava chances, mas nada de gol. A rigor, nem dava muito trabalho ao goleiro Horn. O maior volume de jogo não significa efetividade e ainda havia o risco das ocasionais investidas dos alemães. Assim, 90 minutos e os acréscimos não foram suficientes para definir a medalha de ouro.

Prata. E só – Com o time cansado na prorrogação, Micale decidiu povoar o meio de campo. Colocou Rafinha no lugar de Gabriel Jesus, que havia caído muito de produção e abriu mão de seu esquema com três atacantes – que já não funcionava. O Brasil passou a jogar no 4-4-2, com Luan e Neymar à frente.

A prorrogação foi truncada. No início do segundo tempo, Neymar voltou a colocar Felipe Anderson na cara do gol. Desta vez o meia chutou em cima do goleiro.

A seleção brasileira, por sua vez, mostrava estar extenuada, já parecia sem forças, apesar de lutar.

O alemães tocavam a bola aparentemente sem se importar com o ensurdecedora vaia que levavam de todo o Maracanã. Se não conseguissem passar pela defesa brasileira para concluir a gol, pelo menos fariam o tempo passar, apostando nos pênaltis. Conseguiram.

Mas tiveram de se conformar com a prata. Após quatro cobranças perfeitas de cada seleção, Weverton pegou a bola de Petersen. Na sequência, Neymar garantiu o ouro, colocou o Brasil na história da Olimpíada e entrou para a história do futebol brasileiro.

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