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Escolha consciente

Brasileiro vive esperando que voltem os bons e sérios políticos

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Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo - Foto F´bio Rodrigues Pozzebom

Partidário da família, dos amigos e de todos que pregam o bem, a paz e a harmonia, atualmente tenho a política como diletantismo. No entanto, por muitos anos ela fez parte de minha vida profissional. Aprendi com as raposas do Congresso que, além de arte do possível, a política é o conhecimento ou estudo das relações de regularidade e concordância dos fatos com os motivos que inspiram as lutas em torno do poder do Estado e entre os estados. Para Aristóteles, é a forma de um governo e demais instituições assegurarem uma vida feliz ao cidadão. Filosoficamente, o substantivo feminino, derivado do termo grego “politikos”, tem como conceito a implementação ou limitação do Poder Público para manter a sobrevivência e melhorar a qualidade da vida humana.

É esse o principal objetivo do eleitor ao escolher nas urnas seus representantes nas câmaras municipais, assembleias legislativas, Congresso Nacional, governadorias… e especialmente no Palácio do Planalto. Independentemente da infinidade de conceitos, o modo mais inteligente para mudar a política é não deixar que os políticos brinquem com nossa inteligência. Com base nisso, na pesquisa que normalmente faço antes de qualquer narrativa, busquei algumas frases inteligentes do anedotário sobre os homens públicos. Entre as mais eloquentes, uma me chamou atenção pela doçura da distinção: “Não é a política que faz o candidato virar ladrão. É seu voto que faz o ladrão virar político”.

Pensemos diariamente nisso e, se possível, lembremos de Margareth Thacter, a ex-dama de ferro do Reino Unido. Simples, direta e objetiva, ela disse certa vez que a “democracia não é um sistema feito para garantir que os melhores sejam eleitos, mas para impedir que os ruins fiquem para sempre”. É inquestionável a afirmação de que, na quadra vivida, faltam profissionais da política e sobram políticos aventureiros. O resultado é o que estamos vivendo. Incluída e aprovada pela CPI da Covid, a maioria dos crimes imputados ao mito está prevista na Lei de Impeachment (1070/50) e só terá andamento caso o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), acorde dia desses com o ovo virado ou perceba alguma sinalização do além sobre seu futuro político.

O problema é que, mesmo não dando em nada, adversários, inimigos e até vizinhos creditarão na conta do capitão a culpa pelos atos desumanos que causaram intencionalmente sofrimentos ou afetaram a integridade física e a saúde mental de milhões de brasileiros. Didaticamente, esse é o denominado crime contra a humanidade, cuja eventual responsabilização depende do Tribunal Penal Internacional, sediado em Haia, na Holanda. A verdade é que, por mais que devamos respeito à figura presidencial, são inegáveis as barbaridades e atrocidades cometidas desde a descoberta do Coronavírus entre nós. O período realmente lembra uma obra macabra.

O primeiro ato talvez tenha sido a negativa da gravidade da pandemia, retratada como uma “gripezinha sem importância”. Os mais graves, que certamente levaram boa parte dos 213,3 milhões de brasileiros a um incontido desejo de vingança eleitoral, foram o debochado rótulo de “maricas” contra aqueles que optaram pelo uso de máscaras e o isolamento social e a maquiavélica gargalhada durante uma pública imitação de pessoas morrendo asfixiada por falta de oxigênio em Manaus.

Perversidades à parte, sinto ainda mais falta da essência política. Infelizmente, nela sempre estiveram incluídos os desvios de conduta, mas era diferente o ar que se respirava nas ruas do país, nos gabinetes empavonados do Planalto, nos corredores do Congresso Nacional e nos salões aveludados do Poder Judiciário. A energia era absolutamente republicana. Improvável, mas não impossível, a possibilidade de Jair Bolsonaro ser reeleito é um fato. Se isso ocorrer, ele permanecerá na Presidência, de onde, escorado pelos votos, tentará mais uma vez saciar uma fome que não foi saciada com os atos de 7 de setembro. Certamente não será essa a opção da democracia nem dos democratas que, como eu, preferem solucionar imbróglios com diálogo e propostas positivas. Que ressurjam os bons políticos.

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