Só escapa o maestro
Brasília ensaia balé das sombras com a bancada distrital do MDB na lama
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Brasília, esse eterno palco de óperas bufonas, volta a erguer a cortina. Em 2026, o espetáculo atende pelo nome de “Crise, Conchavo e Carreira”. No centro do picadeiro, o MDB, que legisla o Distrito Federal como quem segura um balde furado tentando esconder a enchente. Na legenda, o único que se salva é o maestro da banda Ibaneis Rocha, o governador que já foi advogado, promove justiça social e agora tem o caminho livre para ocupar uma cadeira no Senado.
O MDB sangra em praça pública. O secretário de Turismo, Cristiano Araújo — vice-presidente da legenda e entusiasta do “selfie político em resorts de luxo” — virou alvo do Ministério Público. Acusam-no de transformar o orçamento do Turismo num plano de milhas para amigos e aliados. Nega tudo com o fervor de um convertido. Diz que é perseguição. Brasília ri. A plateia já conhece o roteiro. E tem gente com cargo acima dele, dentro do partido, que não chegará a nenhum oásis com suas caravanas em busca de seguidores.
Enquanto isso, dois grupos duelam com a elegância de rinocerontes num campo de porcelana. De um lado, Celina Leão, vice-governadora pelo PP, aguarda o momento certo para o bote. É felina, mas rosna como leoa. Calcula passos, esconde garras e lambe feridas que não são dela. No outro canto, surge o respeitado Antônio Reguffe. O ex-senador, também vem como sinônimo de esperança. Agora no Solidariedade, pede ao povo aquilo que falta nas urnas – memória – e oferece gratidão. Quer voltar aos salões do poder com aquele jeitinho franciscano de quem afirma que política se faz com respeito e boletim de ocorrência contra privilégios.
Mas, voltando ao fraccionado MDB. O embate é técnico, dizem seus dirigentes, reis de promessas levadas pelo vento em uma cidade em que até os números têm lado. E preço.
Nos bastidores, os cabos eleitorais trocam promessas como figurinhas repetidas, e os marqueteiros já estudam os ângulos da luz para esconder rugas, escândalos e dívidas de campanha. O povo assiste à novela, divide pipoca com o desalento, e espera o próximo capítulo. É justamente aquele em que todos os personagens dizem “não sabia de nada”, e o vilão é sempre o mesmo — o sistema. E distritais emedebistas que fazem da Câmara Legislativa suas capitanias hereditárias sentirão o peso do fardo por supostamente agirem de má fé com os eleitores.
Enquanto isso, nos subterrâneos de um órgão extraoficial e extraofensivo chamado Engenheiros da Paz, um grupo de tecnocratas com diplomas pendurados como medalhas olímpicas redige relatórios com títulos solenes: “Plano Estratégico para a Harmonização da Câmara” ou “Diretrizes Éticas para a Corrupção Sustentável”. Não têm partido, nem povo — só planilhas e planos de poder.
Com ar-condicionado no máximo e consciência no mínimo, esses senhores de paletó bege e alma cinzenta fazem apostas sobre quem cairá primeiro: Cristiano com suas selfies tropicais ou os ocupantes de cadeiras com aroma de luxúria no MDB. Sem perda de tempo, no Solidariedade, Reguffe, com seu discurso ético, vai crescendo. Já Celina, dizem correligionários do PP, tem garantido o apoio dos que mandam sem aparecer. Ela joga xadrez, tende a fazer uma bancada forte na Câmara Legislativa, enquanto os atuais distritais estão brincando de dama.
Mas no fundo da sala ovalada onde se reúnem ex-colegas da Câmara, uma nova planilha pisca em vermelho: “Cenário de Colapso Moderado”. O analista-chefe, um homem que se comunica por grunhidos e PowerPoints, alerta: “Se a operação do MP avançar, pode respingar em toda a bancada emedebista. E esses respingos farão feder gabinetes inteiros”. Todos assentem, menos o mais velho do grupo, que cochila abraçado a um exemplar surrado da Constituição, que jurou honrar desde a época em que virou homem da lei e fez carreira meteórica como sindicalista.
O cenário é perturbador. Uma caravana de deputados distritais emedebistas, aproveitando a condição de chefe do Turismo de Cristiano, organiza uma comitiva para Dubai. Tema: “Tecnologia e Governança para o Futuro do Cerrado”. Dentro do avião, dois assessores discutem: “Vamos ter que postar foto no deserto ou só na conferência?”
Avesso a todo esse quadro, e embora emedebista, Ibaneis, estrategista, usa seu pragmatismo para concentrar energia em torno de alianças fortes que vão lhe garantir a senatoria. Celina, cada vez mais carismática, promete ser a puxadora de votos para o novo projeto do governador. E de Ibaneis, claro, ela espera – e terá – reciprocidade.
Enquanto os distritais emedebistas afundam em retóricas e sonham com o poder eterno, Reguffe, sempre o mais votado em Brasília para a Câmara Legislativa, Câmara dos Deputados e Senado, avança com seu grupo pelas beiradas. Vai formando uma cesta de bons frutos. São os aliados capazes de fazer frente a adversários de todos os naipes. Um que começa a despontar é Everardo Gueiros. Advogado e empresário, seu discurso é pela união com diálogo, compromisso e futuro de uma sociedade justa. Vevé sabe que uma cidade é formada por pessoas que sonham e desejam prosperar — e é para elas que a gestão pública deve se dedicar, costuma dizer.
Ao lado de Reguffe, com quem constrói uma parceria baseada em princípios como ética, responsabilidade e dedicação ao interesse coletivo, Everardo promove uma visão de política voltada para as verdadeiras demandas da população. A proposta é enxergar Brasília para além de sua estrutura física — afinal, uma cidade não é apenas concreto e cimento, mas também é feita de pessoas, trajetórias e esperanças que precisam ser valorizadas. Algo totalmente diferente do que ensaiam Cristiano Araújo e a bancada distrital do MDB.
As pesquisas sugerem que uma das duas cadeiras no Senado já tem dono. Porém, quem ficará com a cadeira prestes a vagar no Buriti, se Celina ou Reguffe, só as urnas dirão. Salvo se, como os dois se respeitam, haja um grande acordo. Mesmo porque – fica a dica -, Antônio Reguffe, que nunca disputou o mesmo cargo, só falta galgar a governadoria. Ou a vice.
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Marta Nobre é Editora-Executiva de Notibras