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Cale-se, presidente

Cálice da Covid derrama a ira do povo brasileiro

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Chico, Gil e Milton (*Texto de abertura de Pretta Abreu)

Nunca é tarde para repetir que Queremos Nosso Brasil de Volta. O Brasil do samba, do futebol, do frevo, do axé, do maracatu, do sorriso e do abraço. O Brasil da liberdade, do orgulho de ser brasileiro. Da saúde, da educação, da moradia, da segurança, do emprego e da comida na mesa.

Para termos esse Brasil que tanto desejamos, é preciso apenas uma coisa: fazer coro e mandar que Jair Bolsonaro cale-se. E pare com seus arroubos autoritários, com seu negacionismo que transforma o Brasil em peça hilária no exterior.

Que o presidente desça do seu eterno palanque e trabalhe, cumprindo as obrigações exigidas pelo cargo que lhe foi confiado.

O Brasil que queremos de volta é de e para todos. Acima de velhos fantasmas de tristes lembranças que tentam resgatar com manobras sórdidas de ataques à liberdade de expressão, ao Congresso e ao Supremo. O Brasil com Deus ao nosso lado, até porque, até o Vaticano sabe disso, Deus é brasileiro.

Chega do negacionismo que deixa os cemitérios tintos de sangue. O cálice do povo transbordou. E chegou a hora de dizer cale-se, presidente.

O momento é de lembrar mais uma vez uma das muitas análises que a historiadora Juliana Bezerra escreveu sobre a Música Popular Brasileira nos anos de chumbo. Uma MPB utilizada pelos artistas como instrumento para contestar a ditadura.

As letras de várias canções indicavam a insatisfação com o regime. Muitos artistas foram alvos de censura e perseguição, como são alvo, hoje, os jornalistas ofendidos pela língua cretina do presidente.

Eternos artistas, apontando desprezo direto ou usando metáforas, tiveram que se auto exilar para evitar as sucessivas convocações para depoimentos e a possibilidade de prisão. Hoje sinalizam para fazer do velho do roteiro uma rotina. Mas o Brasil mudou. E se estão querendo mudar de novo, impondo um sistema fascista, o povo não pode deixar.

Da série Queremos Nosso Brasil de Volta, uma iniciativa de Notibras, a música escolhida para esta quinta, 29, é Cálice, de Chico Buarque e Gilberto Gil, com uns pitacos de Milton Nascimento.

Quem prestar atenção ouvirá, também, o cale-se, porque é preciso silenciar o negacionismo gritado em alto e bom som pelo rebanho bolsonarista que já provocou 400 mil perdas humanas. A letra pode ser lida a seguir. O vídeo foi reproduzido do Youtube.

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Pai, afasta de mim esse cálice, pai
Afasta de mim esse cálice, pai
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

Pai (Pai)
Afasta de mim esse cálice (Pai)
Afasta de mim esse cálice (Pai)
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

Pai (Pai)
Afasta de mim esse cálice (Pai)
Afasta de mim esse cálice (Pai)
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

De muito gorda a porca já não anda (cale-se)
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta (cale-se)
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Pai (Pai)
Afasta de mim esse cálice (Pai)
Afasta de mim esse cálice (Pai)
Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Talvez o mundo não seja pequeno (cale-se)
Nem seja a vida um fato consumado (cale-se)
Quero inventar o meu próprio pecado (cale-se)
Quero morrer do meu próprio veneno (Pai, cálice)
Quero perder de vez tua cabeça (Cálice)
Minha cabeça perder teu juízo (Cálice)
Quero cheirar fumaça de óleo diesel (cale-se)
Me embriagar até que alguém me esqueça (cale-se)

Vídeo reproduzido do Youtube

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