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Candidatura de Rafael afunda, ele troca comando e ninguém recebe

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Duas palavras mágicas pouco empregadas no vocabulário, e uma conta aritmética que não leva a nada, estão afundando cada vez mais a candidatura de Rafael Barbosa (PT) na briga por uma das oito cadeiras de Brasília na Câmara dos Deputados. De um lado está a Titan Arum (Amorphophallus titanum), flor que exala um odor fétido; de outro, os macófragos, células que consomem o que encontram pela frente.

As duas partes se unem em letrinhas espalhadas por requintados endereços do Lago Sul. Juntas, começam a fazer de Rafael Barbosa, o candidato, um defunto. E o ex-secretário de Saúde de Agnelo Queiroz, que entende mandato parlamentar como sinônimo de imunidade, se deixa levar. E sem querer, ou saber, troca seis por meia dúzia.

Não se pretende avaliar aqui supostos méritos ou deméritos da passagem de Rafael Barbosa pela Secretaria de Saúde. Mas traduzir o que se observa em comitês que têm como principal atração as rafaeletes que chegaram a provocar uma crise de namorico tão acentuada que o desastre que se prenuncia é praticamente irreversível.

Como médico (e um rapaz teoricamente culto e inteligente), Rafael Barbosa sabe dos danos provocados por uma Amorphophallus titanum ou mesmo pelas células que costumam comprimir, sugar e matar suas vítimas. Mas como político, tem nota zero em matemática. Sua aritmética é vermelha como a cor do seu partido. E não aprendeu que trocar seis por meia dúzia não implica necessariamente em que a soma seja igual ao produto.

Uma caderneta de custos de campanha a que Notibras teve acesso visual, indica que Rafael Barbosa já gastou na campanha a que se entregou de corpo, alma e conta bancária, mais de 7 milhões de reais. Ninguém sabe explicar, porém, a destinação do dinheiro. Em gráfica não foi, porque quem imprimiu cartazes e adesivos, levou calote. Muito menos em serralherias, onde os proprietários acumulam faturas não pagas.

Mas não é só no consumo de papel e madeira que as despesas não fecham. Tem o lado humano. Cabos eleitorais (há quem assegure mesmo que até coordenadores de áreas) não recebem o salário prometido. E como barriga vazia não produz, o caos se instala nos comitês que Rafael Barbosa espalhou pelo Plano Piloto e cidades-satélites.

No caso da troca de seis por meia dúzia, o ex-secretário de Saúde, vendo o barco fazer água, abriu as portas para João Kennedy Braga, e fechou com cadeado o acesso antes irrestrito a Benício Tavares. O primeiro é conhecido como lobista de estrelha brilhante, embora faça coisas escuras. O segundo, gostava de beber leite das crianças quando era deputado distrital, até ter seu mandato cassado.

Tanto quanto Benício, que teve passagens tumultuadas com o sexo oposto, Kennedy é daqueles que não tem sorte no amor. Nem no jogo. O homem-forte da campanha de Rafael vive rodeado de damas de ouro. Não aquelas que lhe enfiam a espada no jogo de pôquer, que costuma promover no bunker-cassino da QI 11 do Lago Sul, estrategicamente instalado sobre o cofre-forte de uma agência do Banco do Brasil. São as meninas que ficaram conhecidas como rafaeletes e que ameaçam até a volta de Patrícia Roriz para outros lençóis.

Kennedy chegou a Rafael cantarolando um sucesso de Martinho da Vila. Estacionou um de seus luxuosos carros que se abriga em uma garagem de mais de 1 milhão 700 mil reais, e desceu devagar, devagarinho. O encontro que selou a parceria se deu na QI 17, também do Lago Sul. Uma mansão no lado direito, na subida da via que dá acesso à Papuda. Algo como meio caminho andado.

O então candidato a novo coordenador-mor da campanha do candidato ainda maior desceu do carro com os braços abertos e um largo sorriso no rosto. Kennedy foi efusivamente abraçado por Rafael. Próximo aos dois, duas Amaroc zeradas. Preta e prata. “São essas máquinas robustas da Volkswagen que vão alavancar a campanha”, anunciou o recém chegado, conforme transmitiu um atento observador.

Acordo selado, Kennedy saiu da QI 17 como novo chefe supremo do esquema montado para eleger Rafael Barbosa. Não se sabe quantas das cartas que mantém na manga usou, mas a verdade é que fala pelo Rafael candidato e pelo Rafael ex-secretário. Tanto, que manda na Secretaria de Saúde mais do que o próprio secretário Bonifácio Alvim.

As cartas na manga são proporcionais às referências pouco republicanas a Kennedy no Google. E pelo andar da carruagem, são em quantidade bem maior do que os votos que Rafael Barbosa acredita poder tirar das urnas em outubro próximo.

José Seabra

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Procurado, Rafael Barbosa manteve silêncio

Kennedy e Benício não foram localizados nos comitês

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