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Bastão lubrificado

Caneta de Xandão vai pegar todos os traidores da pátria

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Autor/Imagem:
Mathuzalém Júnior - Foto de Arquivo/Marcelo Camargo

Da mesma forma que a ignorância é a mãe de todas os males, a inveja envenena a alma e apodrece os ossos. De eras remotas aos dias atuais, a ignorância tem sido a causa de guerras, revoluções, golpes fracassados, atentados, terrorismos, fome, miséria, doenças, crimes. Enfim, causadora de todos os tipos de infortúnios. É claro que não estamos falando do Brasil de hoje, mas do Brasil de quatro anos terrivelmente longos e honestamente vilipendiado por cidadãos eleitos com o falso pretexto de consertar erros que eles próprios desconheciam. Daí sobreveio a inveja, que é um mero reflexo dos infelizes, frustrados, insatisfeitos ou inconformados. Resumindo o óbvio, é um sentimento que só existe nas pessoas que não sabem aceitar a felicidade dos outros.

Parafraseando Oscar Wilde, o número dos que invejam confirmam a capacidade do governo de Luiz Inácio. Como nem Jesus conseguiu agradar a todos, Lula, talvez por falta de tempo, ainda não fez por merecer o buscado título de presidente de todos os brasileiros. Realmente o pior cego é aquele que não quer ver. O maior exemplo da inveja é alguém dizer que, somente três meses após seu início, a administração petista parece um anúncio de fim de festa. Que me apontem um feito do santo Messias em quatro anos de mandato. Nada, zero à direita e zero ao centro. Além de fazer do país um pária do mundo e de transformar Sérgio Moro em antiherói, o que produziu sua (ex)celência pelo seu povo? Gerou, instruiu, capacitou, financiou e depois abandonou um bando de beócios de primeira e última grandeza à própria sorte e à borduna de Xandão, que começa a jogar duro também para criminalizar na Constituição as fake news. Mais um passo foi dado ao entregar a Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Congresso Nacional, um pacote de sugestões.

São estes que querem inverter a ordem. Por exemplo, criticam os gastos do governo com viagens internacionais, mas não dizem onde estavam quando o Messias estourou o cartão corporativo com combustível para motociatas e deslocamentos sem importância alguma. Qual o benefício sócio-econômico para a nação de suas visitas aos Estados Unidos, Rússia, Hungria e Arábia Saudita, entre outros países? Lula não ganhou joias, mas certamente aliviou o efeito dos coices internacionais do antecessor, principalmente aqueles dados na canela do companheiro Xi Jinping e nos bagos do irmão Joe Biden. Na melhor das hipóteses, a turma do fanatismo confunde deliberadamente alhos com bugalhos.

Talvez a tentativa seja pior do que nossa vã filosofia alcance. Creditar ao PT ou a petistas históricos a mentoria dos atos golpistas de 8 de janeiro é muito mais do que uma farsa medíocre, debochada, amadora e sem nexo. É o mesmo que achar que a Bíblia erra quando anuncia que Judas traiu Jesus Cristo. Para os brincalhões do golpismo, foi Jesus quem traiu Judas, como devem ter dito na véspera do 8 de janeiro os venerandos Silas Malafaia e Edir Macedo. Mais do que brincadeira de péssimo gosto, os ignorantes “depromados” têm certeza de que a imbecilidade e o apedeutismo assimilados no cursinho ministrado pelo capetão no cercadinho do Palácio da Alvorada contaminaram o restante da população.

Na bacanal que eles imaginaram após vandalizarem as sedes dos três poderes não estavam previstas as reações dos principais líderes do país, muito menos que o xerife Xandão abrisse a toga e mostrasse aos golpistas a careca que, apesar de reluzente no claro, mete muito mais medo é na escuridão e no silêncio da cama de alvenaria da cela fria. Ali, se gritar o coro come ainda mais. E Xandão não brincou em serviço. Fechou os olhos e créu: meteu o comprido e lubrificado bastão da lei em quem já estava no cadeado. E todos que participaram da traição à pátria um dia experimentarão do cajado legalista de Alexandre de Moraes, inclusive e sobretudo os mandantes e financiadores do frustrado levante. Portanto, aos que não suportam os acertos da atual gestão, resta a máxima de Salvador Dali: “O termômetro do sucesso é apenas a inveja dos descontentes”.

Aliás, os invejosos veem sempre tudo com lentes de aumento, transformando pequenas coisas em grandiosas. Com eles, anões viram gigantes, indícios são certezas e mitos inventados acabam santos verdadeiros. Em verdade, eles só invejam quem queriam ser. Quanto aos ignorantes, não vale a pena perder tempo, caneta e lábia com eles, que nasceram para bancar motociatas e acreditar em falsos profetas. Deles, o que posso dizer – e lamentar – é que, via de regra, são os que sempre vencem uma discussão. E não é pelo fato de terem razão, mas pela experiência na estupidez. A realidade nacional após a ascensão de Lula à sua terceira encarnação comprova que a ignorância, considerada a escuridão da mente, sai cara a quem se julga inteligente. Como o Deus que cultuo não é o mesmo que eles idolatram, sinto-me à vontade para afirmar que ignorar a própria ignorância é a doença do ignorante. Vamos em frente, Brasil. Vida longa à democracia.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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