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O padroeiro

Carioca faz fila gigante para festejar São Jorge

Publicado

Autor/Imagem:
Léo Rodrigues

Todos os anos, o bairro de Quintino, na zona norte do Rio de Janeiro, assiste à peregrinação de uma multidão no feriado estadual de 23 de abril. Vestidos de vermelho e branco, os devotos de São Jorge chegam cedo, ainda na alvorada, e ficam ali ao longo de todo o dia, espalhados pelas ruas onde também são instaladas dezenas de barraquinhas de comes e bebes.

Na celebração, não falta samba, feijoada e cerveja. Uma roda de capoeira também anima o público. Há devotos que vestem camisas de seus times de futebol combinadas com a imagem do santo. Outros aproveitam para manifestar a paixão por escolas de samba que tem São Jorge como padroeiro, caso da Estácio de Sá, da Unidos de Padre Miguel e do Império Serrano.

O servidor público Carlos São Pedro chama a atenção para a sintonia de São Jorge com a cultura popular do Rio de Janeiro. “O carioca está precisando de alguma coisa a mais. O estado está um pouco solto, largado. E o carioca é muito religioso. Todo mundo procura uma fé. Eu achei a minha fé depois que conheci São Jorge. E ele tem essa ligação com o povo, porque São Jorge é celebrado com samba e com cerveja. Ele traz a umbanda e o candomblé. Então favorece a mistura do povo e faz essa festa maravilhosa”, afirma.

Carlos vai a Quintino todos os anos e distribui santinhos com frases de São Jorge. “Tudo que eu peço a ele, sempre tenho graça, sempre tenho glória. A mínima forma de eu retribuir é propagando o seu nome. Ano que vem, se Deus e São Jorge quiserem, estarei aqui de novo”, afirma.

Esse compromisso anual com o 23 de abril mobiliza não apenas católicos como também adeptos de religiões de matriz africana espalhados por toda a cidade. A estudante Jéssica Cristina, candomblecista, conta que frequenta os festejos desde criança e destaca o sincretismo religioso. O pai dela mora a um quarteirão da Paróquia de São Jorge e na entrada do imóvel foi colocada a imagem do santo diante de oferendas.

“Nós celebramos todo ano, fazemos nossa feijoada. Felizmente aqui é um espaço de tolerância. E deve ser assim. Tem gente que critica o candomblé sem nem procurar conhecê-lo. O candomblé só busca o bem”, diz.

Para os católicos, São Jorge é símbolo da força de Deus na luta em favor dos povos excluídos e marginalizados. Ele é personagem de diversas histórias medievais que perduraram no tempo e que inclui o famoso relato do combate a um dragão. Na umbanda e no candomblé, ele costuma ser associado a Oxóssi e a Ogum, respectivamente, orixás da caça e da guerra.

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