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Conforto no mato

Casa na Mata Atlântica vira refúgio para arquitetos

Publicado

Autor/Imagem:
João Abel

Construir um lar em sintonia fina com a natureza era um sonho de longa data da arquiteta Renata Pascucci, que, ao lado do marido Carlito, comanda escritório próprio no litoral norte de São Paulo. “Nós queríamos uma casa que possibilitasse andar descalço o tempo todo e nos fizesse sentir em total imersão na mata”, conta ela.

Com generosos 1.000 m² de terreno, sendo um quarto deles de área construída, o imóvel está localizado em uma área de preservação ambiental da Mata Atlântica, em São Sebastião, a menos de 1 km da praia de Maresias. “Mantivemos total respeito à região em que a casa está inserida, com o mínimo impacto ambiental”, afirma a arquiteta, que em 15 meses colocou o projeto de pé.

O primeiro passo foi atentar para a permeabilidade da terra, que levou os arquitetos a desenhar uma casa elevada em relação ao solo. Já para não desmatar nenhuma árvore de grande porte, a distribuição em planta se deu por três blocos interligados por passarelas. Tudo calculado milimetricamente.

As grandes aberturas e as largas portas são a chave da integração com a natureza e denotam respeito à fauna local, que encontra na casa um ponto de passagem. “Não é incomum ver pássaros como tucanos, tiês-sangue e jacus no nosso jardim”, conta a arquiteta.

Logo na entrada principal, a atmosfera de tranquilidade se faz notar com um espelho d’água à beira do quarto de um dos filhos do casal. “Toda água da casa é natural da região. Ela vem de uma cachoeira próxima ao terreno”, detalha Renata. Além do dormitório, o bloco principal também conta com a suíte do casal e uma sala com mezanino, interligada à um espaço gourmet com churrasqueira.

Deste ambiente, é possível, via passagens laterais, acessar os outros dois segmentos. Um deles, mais simples, é um cômodo menor onde está a cozinha, integrada ao espaço de refeições da família no dia a dia. Já o outro, bem mais elaborado, é uma grande suíte aberta, inspirada no estilo arquitetônico dos bangalôs tailandeses, com direito à banheira.

Apesar de todo o conforto que salta aos olhos, a simplicidade está sempre presente. Poucas paredes usaram alvenaria e as portas e esquadrias são quase todas de madeira de demolição. “Boa parte da marcenaria que constitui a casa, inclusive a presente na composição do telhado e do forro, foi feita com eucalipto e pinus tratados.”

O mesmo se passa com o mobiliário, que privilegiou soluções mais despretensiosas. O sofá e a mesa lateral da sala, por exemplo, foram feitos a partir de uma grande prancha de madeira chumbada, sobre a qual foram posicionados um futon e almofadas. Ainda no mesmo ambiente, o rack de linhas bem definidas foi feito pelos próprios arquitetos, que reservaram espaço no móvel para a adega.

“É claro que muitos móveis foram garimpados em antiquários de São Paulo, mas priorizamos o reaproveitamento de peças e materiais descartados”, assegura a arquiteta, que selecionou as luminárias da área gourmet e da cozinha em ferros-velhos da região.

O apego ao rústico também fica evidente nos revestimentos: pisos e paredes de cimento queimado dominam a sala, do espaço gourmet até a cabeceira da cama na suíte aberta, enquanto os tijolos de demolição permeiam desde a fachada até o quarto do casal.

Ladrilhos hidráulicos foram também incorporados pontualmente à decoração, como no banco construído no espaço de entrada da casa. “Ali, nós acoplamos uma fogueira de chão com chapa de inox, o que gabaritou a casa para receber bem até mesmo no inverno”, afirma.

O toque final na ‘cabana chique’ de Renata e Carlito são intervenções artísticas mais que especiais. As ilustrações da sala, por exemplo, são todas do casal ou assinadas pela filha mais velha. “A cada dia pode surgir uma nova. Nós vivemos em um lar de artistas”, conclui a arquiteta.

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