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Enxurrada e silêncio

China se acaba debaixo d’água e Ocidente nem se toca para a catástrofe

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Autor/Imagem:
Emanuelle Nascimento - Foto Francisco Filipino

Mais de 70 mil pessoas evacuadas nas províncias de Guizhou e Sichuan. As águas tomam casas, vidas, memórias. Mas o noticiário ocidental mal sussurra.

A Antropologia da Catástrofe, segundo Anthony Oliver-Smith, nos ensina que não existe desastre “natural”. Existe vulnerabilidade social. Existe o desleixo das políticas urbanas, o crescimento desenfreado das cidades e o desmatamento sem freio.

A indiferença do mundo não é nova. Edward Said já denunciava o orientalismo: a forma como o Ocidente olha para o Oriente com exotismo, medo ou desprezo. Se fossem 70 mil europeus, a comoção seria global.

Essas chuvas não lavam, revelam. Revelam o quanto o planeta está ferido, e como as dores se distribuem de forma desigual. A chuva leva tudo, menos a certeza de que o mundo é feito de fronteiras invisíveis entre quem importa e quem não.

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