Tempo perfeito
Chuvas no Nordeste impulsionam a fruticultura
Publicado
em
Era começo de tarde quando as nuvens começaram a se juntar sobre toda a região nordestina, como quem arma um mutirão de esperança. O céu, antes escaldante e azul feito azulejo antigo, tingiu-se de cinza preguiçoso. E então veio ela: a chuva.
Não era uma chuva qualquer. Era a chuva esperada, festejada em silêncio e com café quente, enquanto o cheiro de terra molhada invadia cada canto da casa. A primeira chuva da estação no Nordeste é quase uma personagem mística. Não chega apenas para molhar, mas para transformar.
No dia seguinte, o chão seco começa a ceder espaço para pequenos verdes. As folhas brotam com a pressa de quem tem muito a viver e pouco tempo. E junto delas, despontam também os frutos. Manga, caju, goiaba, melancia — cada uma parece saber que a hora é agora.
Os quintais se tornam pequenos para tanta fartura. As crianças correm entre os pés de acerola, sujando os pés no barro e o rosto com o sumo vermelho. As senhoras da vizinhança trocam receitas de doce de umbu e geleia de seriguela como quem partilha tesouros de família.
E o cheiro, ah, o cheiro… De fruta madura ao sol, misturado com o perfume úmido das folhas — um aroma que não se imita em laboratório nenhum.
A chuva no Nordeste não é só um evento climático. É anúncio de recomeço. É garantia de fruta doce, de sombra fresca, de panela cheia. É poesia líquida caindo do céu.
