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Maquinações diabólicas

Circo dos Horrores ataca a deficiência alheia e até Lula

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Autor/Imagem:
Mathuzalém Júnior* - Foto Ricardo Stuckert

No fim do século XIX e início do XX, anomalias humanas foram destaques nos shows, que ficaram conhecidos como “Circo dos Horrores”. Eram espaços que tinham como atração principal pessoas com deficiências ou características físicas diferentes. Os freak shows dos anos 30 e 40, apresentados à época pelo explorador Phineas Taylor Barnum, dono do maior espetáculo desse tipo que já existiu, o bizarro Ringling Bros and Barnaum & Bailey Circus são os maiores exemplos. Baylei se tornou milionário e conhecido por todo o mundo aproveitando-se da deficiência das pessoas. Muitas delas aceitavam virar atração por ser a única fonte de renda possível para eles.

Infelizmente, em pleno século XXI, ainda somos obrigados a conviver com freak shows. A diferença é que os aproveitadores de hoje se utilizam de fanáticos sem neurônios. As atrações de hoje se resumem a anões, pessoas que engolem prego, falam com cobras, engolem fogo e algumas que continuam acreditando em ETs desembarcando de naves verdes e amarelas pousadas em frente a quartéis do Exército. Também há aqueles que, 34 anos após o fim da ditatura militar defendida com dentes e armas pelo ditador de Curicica, têm medo de comunistas que assustam o Brasil de marmanjos emburrecidos atacando criancinhas. Ou seja, nada tão terrivelmente deprimente como dantes.

Tudo a ver com o Brasil de nossos dias, quando os abnegados defensores da tirania fazem qualquer negócio para convencer seus loucos seguidores de que a verdade mentirosa deles é absoluta. Respeitável público, chegou a hora de conhecermos a atração mais bizarra que já ocupou o Palácio do Planalto e que atualmente tenta enganar trouxas com shows de pilombetas árabes pelas ruas da Flórida, nos Estados Unidos. Pasmem, mas mesmo por lá há gente sem ter o que fazer. Brasileiros metidos a patriotas e intolerantes, é claro. E quem seria? Norte-americanos, cubanos, haitianos e até baianos têm menos tempo para perder com baboseiras.

Pois bem, o script do show da vez não é novo. Pelo contrário. É tão antigo com os bonés do Seu Mazarito, personagem criado no fim dos anos 80 por Costinha para a Escolinha do Professor Raimundo. Refiro-me à tentativa de o bolsonarismo e os bolsonaristas vincularem Luiz Inácio à ação policial que culminou com a prisão de uma organização criminosa de grande porte que planejava assassinar o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) e outras autoridades públicas, entre elas o promotor paulista Lincoln Gakiya. Os “alvos”, principalmente Moro enquanto ministro da Justiça, foram responsáveis pelas transferências dos principais líderes da organização para diferentes penitenciárias federais.

Muito mais do que mau-caratismo, essa “vinculação” estimulada pelo mito de araque é uma leviandade, um crime tão violento como foi a vandalização dos três poderes da República em 8 de janeiro. Obviamente que não fui surpreendido. Surpresa seria eles não usarem um episódio macabro como esse para, de algum modo, macular a imagem de Lula da Silva. Não conseguiram, pois, parafraseando o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), associar a inoportuna e intempestiva declaração do presidente da República sobre pensar em se “vingar” de Moro é uma “viagem lunática”. No mínimo, a infeliz frase reavivou o toquinho fumegante da maldade que habitará por séculos a alma da turma do cercadinho.

É a tal falta do que fazer que liberta os diabinhos liderados pelo Capetão dos mares de Donald Trump. É a síntese da derrota mal digerida e do golpe fracassado por falta do energético da inteligência. Aliás, ignorância bestial e maldade são irmãs siamesas e que jamais estiveram para brincadeira. Homens e mulheres aliados ao segmento comandado pelo Bozo sabem que a vida do espírito é uma educação progressiva que supõe uma longa série de trabalhos a realizar e etapas a percorrer. E o que é o mal? Jair Messias Bolsonaro e todos aqueles que o seguem sem questionamento algum. Simples assim. Barrabás está provando que tem juízo.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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