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Brasil tá lá

Começa domingo Copa que derrubou cúpula da Fifa

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Autor/Imagem:
Jorge Eduardo Antunes* - Foto Reprodução

Quando a Al Rihla (nome dado à bola da oficial da Copa do Mundo, fabricada pela Adidias e que significa “a jornada”) rolar para Catar x Equador, no próximo domingo, às 13h, no Al Bayt Stadium, o futebol estará escrevendo o epílogo de um escândalo que tragou a toda-poderosa cúpula da FIFA (Federação Internacional de Futebol, sigla mais correta em português).

Mais que um jogo morno entre os dois azarões do Grupo A, integrado ainda por Senegal e Holanda, a abertura da Copa do Mundo de 2022 põe ponto final na história de suspeitas corrupção, denúncias de más condições de trabalho dada aos operários estrangeiros e venda de votos para escolha das sedes, que marcou a escolha de Rússia e Catar para abrigar as Copas de 2018 e 2022.

Rússia e Catar foram indicados ao fim do chamado rodízio continental. Na disputa por 2018, Bélgica e Holanda; Inglaterra; Portugal e Espanha; e Rússia apresentaram suas candidaturas, com os russos sendo escolhidos em dezembro de 2010. Na mesma ocasião, o Catar derrotou a pretensão de sul-coreanos, norte-americanos, japoneses e australianos de sediar a Copa do Mundo de 2022.

O que chamou a atenção, na época, foram detalhes importantes: Rússia e Catar não eram os favoritos – a grande aposta para 2018 era a Inglaterra e, para 2022, os Estados Unidos. O Catar sequer chegara perto de participar de uma Copa do Mundo. Inegavelmente, era um país rico, mas sem nenhuma tradição nos mundiais.

O que se seguiu foi uma enxurrada de críticas e de ameaças à realização da Copa do Mundo, e até mesmo uma investigação do FBI (Federal Bureau of Investigation), que levou muitos dirigentes do futebol à prisão. Acusações de subornos na casa do milhão de dólares afastaram presidentes de confederações regionais, como Nicolás Leoz (Conmebol, da América do Sul), Jack Warner e Jeffrey Webb (ambos da Concacaf, da América do Norte, Central e do Caribe).

No final das investigações desportivas, vários dirigentes foram banidos do esporte. Sepp Blatter, ex-presidente da Fifa e ex-secretário-geral de João Havelange por décadas; Jérôme Valcke, secretário-geral da entidade; e Michael Platini, presidente da União Europeia de Futebol (UEFA) acabaram temporariamente suspensos em 2015, o que deu espaço para a ascensão de Giovanni “Gianni” Infantino. Suíço como Blatter e secretário-geral da UEFA, ele foi eleito em 26 de fevereiro de 2016, no Congresso Extraordinário da Fifa, para presidir a entidade e tentar pacificar os ânimos no futebol mundial.

Infantino vai para sua segunda Copa e já colocou sua digital para sempre na história da competição mais importante do esporte mais popular do mundo. A partir da edição de 2026, organizada em conjunto por Estados Unidos, México e Canadá, serão 48 países. Ou quase 20% dos filiados. Afinal, o espetáculo não pode parar, mesmo que a qualidade técnica caia com a escolha de países-sede que nunca se classificaram em campo para uma Copa do Mundo.

Mesmo que tenha um grande desempenho em campo, o que é improvável, o Catar precisará mostrar fora dele uma outra qualidade: a de admitir as inúmeras mortes de operários, especialmente os de origem indiana e nepalesa, que trabalharam na construção de estádios e infraestrutura para o Mundial. Números indicam que os caixões enviados aos países de origem podem ultrapassar a 5 mil, mas o país do Oriente Médio admite menos de 50. A diferença é grande como uma goleada moral.

*Matéria publicada originalmente na versão online da Revista GPS

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