Basta de lenga lenga
Congressistas precisam trabalhar, e vamos cobrar, pois nós pagamos os salários deles
Publicado
em
Nos últimos dias, a militância de esquerda tem ocupado as redes com força, levantando tags que cobram do Congresso aquilo que ele se recusa a pautar. A indignação é legítima: estamos diante de um Legislativo que atua como se estivesse acima do povo, promovendo interesses próprios, blindando privilégios e barrando qualquer avanço popular.
O que vemos é um Congresso que só se move sob pressão, e mesmo assim, com a relutância de quem acredita poder fazer o que quiser, sem prestar contas.
Diante dessa mobilização virtual, a Globo resolveu reagir. No Jornal Nacional, o tom foi claro: críticas aos “ataques” nas redes e um apelo pela tal “moderação”. Mas o que significa exatamente essa palavra, na boca da maior emissora do país?
Moderação, nesse contexto, não é sinônimo de equilíbrio. É sinônimo de silenciamento. É um chamado à apatia, um pedido para que o povo pare de incomodar a elite e os políticos que nós mesmos colocamos no poder. Quando a Globo pede por “moderação”, está dizendo, nas entrelinhas, que devemos deixar o Congresso continuar ignorando a sociedade sem sofrer qualquer pressão. Trata-se de um discurso travestido de neutralidade, que na prática busca deslegitimar a participação popular e proteger os interesses de sempre.
A hipocrisia é gritante. A mesma emissora que deu palco à extrema-direita, que normalizou o discurso bolsonarista e ajudou a empurrar o país para o abismo institucional, agora se apresenta como defensora da moderação? Curiosamente, nunca pediu moderação quando a direita ocupava as ruas com pautas abertamente antidemocráticas, espalhando fake news e atacando instituições.
O incômodo da Globo não está no tom das críticas. Está na direção delas. Quando a pressão vem de quem exige justiça social, equidade, respeito às pautas populares e democratização do poder, soa como ameaça aos interesses que ela historicamente protege. A velha mídia se acostumou a monopolizar o debate público e agora não sabe lidar com uma militância que já não depende dela para se comunicar.
Não é radicalismo exigir que o Congresso atue de acordo com os interesses da população. Não é extremismo cobrar pautas que garantam direitos, justiça fiscal e dignidade. Radical é o comportamento de parlamentares que sabotam propostas populares, legislam em causa própria e se escondem atrás de regimentos para evitar a transparência.
A Globo quer uma militância contida e dócil, que proteste apenas quando autorizada por ela e que se manifeste dentro dos limites impostos por quem historicamente silenciou vozes dissidentes. Mas esse tempo passou. O povo aprendeu a se organizar, a cobrar e a fazer pressão nas redes e nas ruas. Quando a mídia pede calma, é porque as cobranças estão funcionando.
Não vamos recuar. A luta nas redes é uma forma legítima de participação política. Se a mídia tradicional está incomodada, é sinal de que estamos acertando os alvos. Moderação, nesse caso, é apenas um nome bonito para a censura social do tipo “calem a boca e deixem que façamos o que quisermos”.
Seguiremos cobrando, pressionando e denunciando toda forma de opressão e desrespeito ao povo. Porque quem cala, consente, e quem se organiza, transforma o Brasil.
