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Cabras que não berram

Contrato de gaveta fertilizou laranjal do MDB de Brasília

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Autor/Imagem:
José Seabra

Papai Noel não existe. Muito menos em período eleitoral. Apesar disso, neo-políticos usaram a figura do bom velhinho finlandês para presentear cabos eleitorais com dinheiro em espécie entre agosto e outubro do ano passado. As benesses tiveram como retorno placas e diplomas, além de uma pomposa faixa com o carimbo do Tribunal Regional Eleitoral.

Que aconteceu algo fora do comum que ludibriou a legislação não resta qualquer dúvida, segundo interpretação de delegados e agentes da Polícia Federal que deflagraram, por ordem judicial, uma colheita de laranjas no MDB de Brasília. As investigações sugerem que a passagem de um trenó pela capital da República nos três meses que antecederam a corrida às urnas.

A carga eram malas de dinheiro que abasteceram candidaturas à base de um combustível apelidado de garoupa. Os nomes que subiram nas pesquisas com velocidade meteórica hoje temem perder as máscaras. E os gatos vendidos por lebres, que, escaldados temem água fria, perderão as máscaras em um carnaval fora de época em Brasília.

Na realidade, o que a Polícia Federal investiga não é apenas o repasse de mais de um milhão de reais para candidatas-laranja do MDB. O que se busca, nesse novelo de lã, é a origem de tanto dinheiro que fez Ibaneis Rocha receber uma torrente de votos nas urnas.

Nesta quinta, 23, a TV Globo mexeu no vespeiro. E seguiu a pista de uma nota publicada por Notibras, onde fontes bem situadas no meio político indicavam que que as laranjas do MDB de Brasília que apodreceram as urnas eletrônicas custaram bem menos que uma boiada.

Mas há mais rastros a serem seguidos. Ainda na época da campanha, quando tentou negociar um acordo para uma cobertura jornalística especial à coligação que saiu vitoriosa das urnas, um hoje ocupante de um gabinete no Palácio do Buriti acenou com um contrato de cifras milionárias. O acordo teria validade por quatro anos – justamente o período correspondente a um mandato no Executivo ou Legislativo. O negócio, dadas as suas características, foi recusado

O dinheiro, disse, viria de negócios feitos mediante contrato de gavetas, uma vez que uma das partes envolvidas, e que estava em plena campanha, não poderia aparecer. O temor era de que a movimentação financeira, se deixasse vestígios, poderia ser facilmente detectada pelo Coaf – um dos órgãos responsáveis por corrupção e lavagem de dinheiro.

“Segundo depoimentos de testemunhas, recursos repassados pelo partido a candidatas mulheres teriam, na verdade, sido usados para pagar cabos eleitorais das campanhas do governador Ibaneis Rocha e do ex-deputado distrital Cristiano Araújo”, diz trecho de reportagem da Globo que foi ao ar na noite de quinta, 23.

As informações transmitidas a Notibras, contudo, vão mais além. Uma fonte que fala na condição de anonimato garante que Dolores Moreira Costa Ferreira e Kadija de Almeida Guimarães, que teriam recebido mais de um milhão de reais, são meras cabras expiatórias. Mas que, para não saíram berrando por aí como cabritos desmamados, ganharam de presente cargos comissionados no governo de Ibaneis Rocha.

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