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Pânico etc

Covid aumenta risco de distúrbio mental

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Autor/Imagem:
Carolina Paiva, Edição

Em estudo de grande escala, pesquisadores britânicos constataram taxa mais de cinco vezes maior de doenças psíquicas nos atingidos pelo coronavírus do que entre outros indivíduos. Cerca de um ano após a chegada do novo coronavírus, sabe-se que o agressivo patógeno não ataca só os pulmões e as vias respiratórias, mas também pode afetar severamente o coração, vasos sanguíneos, nervos, rins e a pele.

Agora, um estudo do Oxford Health Biomedical Research Centre, publicado na revista especializada Lancet Psychiatry, indica que contrair covid-19 também pode causar problemas psíquicos em um entre cinco pacientes. Sobretudo o isolamento é grande responsável por ataques de pânico, depressões e insônia.

Para essa pesquisa em grande escala, os cientistas analisaram, juntamente com a rede de saúde TriNetX, cerca de 70 milhões de fichas médicas anonimizadas dos Estados Unidos. Entre elas encontravam-se as de 62 mil pacientes de covid-19 com quadro clínico mediano.

Examinou-se se eles haviam apresentado problemas psíquicos nas duas semanas a três meses seguintes à constatação da doença respiratória. Para 18,1% a resposta foi positiva, e em 5,8% dos casos tratou-se do primeiro diagnóstico de uma doença psíquica.

Diversos fatores
A fim de confirmar se os distúrbios tinham relação direta com a covid-19, os dados foram também comparados com os de seis outras doenças, no mesmo prazo: gripe, outras infecções respiratórias e de pele, cálculos biliares e cálculos urinários e fraturas ósseas. Nesses casos, contudo, só 2,5,% a 3,4% apresentaram moléstias psíquicas.

“Esse achado foi inesperado e precisa ser examinado. Neste ínterim, os distúrbios psiquiátricos devem ser incluídos na lista dos fatores de risco para a covid-19”, comentou um dos autores do estudo, Max Taquet, do National Institute for Health Research do Reino Unido.

Ao mesmo tempo, porém, os pesquisadores britânicos alertam contra o perigo de superestimar a análise de dossiês de saúde eletrônicos, pois ainda não há explicação conclusiva para algumas peculiaridades – como o aparente acréscimo de 65% de risco de contágio com o coronavírus entre os portadores de moléstias psíquicas.

Além disso, diagnosticou-se duas vezes mais demência entre os pacientes de covid-19 no prazo de três meses do que entre outros indivíduos. Porém isso não significa necessariamente que o vírus tem efeito direto sobre o cérebro, podendo apenas decorrer do fato de que se realizaram mais exames médicos, relativiza Paul Harrison, professor de psiquiatria da Universidade de Oxford.

Além disso, não foram levados em consideração o sexo ou idade dos pacientes, se fumavam ou consumiam drogas – fatores que também elevam o risco de distúrbios psiquiátricos. Ficaram igualmente de fora os aspectos socioeconômicos e o estresse provocado pela pandemia.

No entanto é sabido que o risco de desenvolver doenças é mais alto para os cidadãos de classes menos privilegiadas socioeconomicamente, os quais também padecem com maior frequência de enfermidades psíquicas. Somente nos próximos anos se poderá avaliar até que ponto o novo coronavírus realmente é a causa direta de danos duradouros ou de distúrbios psíquicos.

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