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Barril de pólvora

Curdos e sírios formam aliança para se defenderem de ataque turco

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Bartô Granja, Edição

As milícias curdo-sírias Unidades de Proteção Popular (YPG, na sigla em curdo), as mais poderosas da Síria, pediram ao governo de Bashar Assad que envie forças para protegê-las de um ataque da Turquia. O pedido foi o primeiro sinal de uma mudança das alianças políticas na Síria desde o anúncio do presidente americano, Donald Trump, de retirada das tropas dos EUA e ocorre seis anos depois de os curdos romperem com Damasco.

O que está em jogo é uma grande parte do território norte e leste sírio que os EUA, em parceria com milícias curdas locais, retomaram do Estado Islâmico. Hoje, cerca de um quarto do território da Síria, incluindo terras agrícolas e reservas de petróleo, está sob o controle das milícias apoiadas pelos EUA e seus 2 mil soldados.

Mas a crescente influência dos combatentes sírios-curdos enfureceu a Turquia, que prometeu um ataque em breve. Ancara tem receios sobre a possibilidade de que eles consigam algum tipo de autonomia que tenha impacto nas reivindicações dos cerca de 15 milhões de turcos de etnia curda.

O controle curdo dessa região também não é bem visto pelo governo Assad e seus aliados russos e iranianos, que querem todo o território sob o controle total de Damasco novamente.

Até agora, as diferentes forças envolvidas no conflito sírio vinham evitando atacar a região por temer provocar os EUA. Mas o anúncio surpreendente de Trump na semana passada liberou a área para a disputa de poder diante do vácuo a ser deixado pelos americanos, que devem concluir a retirada até abril.

Os curdos consideraram a decisão do presidente americano uma traição e começaram a conversar com Damasco sobre a possibilidade de uma reconciliação.

As YPG pediram ajuda hoje para proteger o norte e informaram que retiraram suas tropas da região de Manbij, uma das áreas contra as quais a Turquia prepara a ofensiva. Minutos depois, o Exército da Síria anunciou sua entrada na cidade.

Mas a situação estava ainda incerta para os sírios que vivem na região, uma vez que milícia e governo descreveram de maneiras diferentes a situação. Apesar de Damasco afirmar que suas tropas haviam entrado totalmente em Manbij e hasteado uma bandeira síria, os curdos afirmaram que os soldados apenas ficariam no limite da cidade e a protegeria contra um ataque turco, sem entrar.

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