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Feng shui

Dê um jeito de transformar o astral da casa

Publicado

Autor/Imagem:
Ana Lourenço

Se alguém falar que insônia ou estresse pode ter relação com sua casa, você acreditaria? A maneira como você se relaciona com ela – seja pela disposição dos móveis, seja pelos objetos acumulados – pode refletir no bem-estar. Para os mais místicos, um caminho é a prática do feng shui, que prega que a decoração de um ambiente – cores, adereços, posição dos objetos – gera um fluxo constante de sentimentos e percepções. Já os mais práticos podem se identificar com o método Konmari, idealizado por Marie Kondo.

“Isso traz felicidade?”, normalmente indaga Marie em seu programa da Netflix. O questionamento é feito em uma tentativa de evitar tudo aquilo que não é mais útil na casa e, claro, o excesso. “Todo mundo acha que o movimento é sobre jogar as coisas fora, mas, na verdade, é ficar com aquilo que alegra; justamente o oposto”, diz Mônica Vieira, especialista em organização formada no método Konmari.

O feng shui, por sua vez, é uma técnica milenar chinesa que nasceu com mestres taoístas que faziam uma análise do espaço onde as comunidades iriam viver, segundo explica a consultora da técnica Vera Sousa. Ao observar a natureza, eles puderam estabelecer um ciclo natural e se espelhar nele. “Várias escolas surgiram disso, mas todas essas técnicas estão a serviço das nossas casas”, observa.

Não é preciso escolher entre o feng shui e o método da organizadora japonesa – se quiser, pode adotar ambos. A seguir, confira dicas para harmonizar sua casa. Afinal, nunca passamos tanto tempo nela como agora.

Feng shui. “A premissa do feng shui é a harmonização dos espaços com intenção de melhorar a circulação da energia vital, que chamamos de ‘chi’”, diz Elaine Gonzalez, da UMM Arquitetura de Interiores. Por isso, se a casa tem essa energia garantida, seus moradores também sentem a vibração. “Casa é – ou deveria ser – o lugar que a gente vai se reabastecer”, diz Vera Sousa.

São várias vertentes que têm como base o feng shui. Uma delas utiliza o baguá, uma mandala octogonal que demonstra os nove setores importantes da vida: carreira, sabedoria, família, prosperidade, sucesso, relacionamento, criatividade, amigos e, no centro, a saúde. “Fazemos a leitura física desse espaço usando a planta baixa da casa, e ela nos mostra quais aspectos podem ter desafios”, conta Vera. “Eu leio os sinais – uma parede descascando, uma infiltração, pode ser que eu tenha dificuldades no aspecto correspondente da minha vida.”

O fundamento é se espelhar na natureza e em seu equilíbrio. As forças yin e yang, por exemplo, mostram essa estabilidade. “A primeira seria a noite, o frio, o escuro. Já o yang seria o dia, claro, quente, aberto. Não existe um mais importante; existe a necessidade dos dois”, comenta Vera.

O quarto deveria ser o lugar mais yin da casa. Porém, com o home office, muitas pessoas passam grande parte do dia dentro de seus quartos, trabalhando, e assim carregando-o com energia yang, o que pode influenciar negativamente o sono do morador. “Um pouco antes da hora de dormir, é legal deixar a janela aberta, desligar o computador e até tirá-lo da tomada, se possível, para transformar esse espaço em um lugar de descanso”, aconselha a consultora.

No quarto, é indicado ter uma cabeceira e evitar que ela encoste em parede com tubulação elétrica, o que ocorre quando a parede divide o quarto do banheiro, por exemplo. “A água pode influenciar sua energia e seu sono”, diz Vera. Coloque a cama em “posição de comando”, de forma que quem está deitado possa ver quem entra.

“Na cozinha, é importante observar a localização do fogão, que é símbolo de abundância”, sugere a arquiteta Elaine Gonzalez. O ideal seria ter uma cozinha em formato de ilha ou que o fogão fosse posicionado de forma que ninguém possa assustar o cozinheiro chegando por trás.

A sala, local onde recebemos – ou receberemos, no futuro pós-pandemia – amigos e familiares, deve ser pensada com essa ideia de anfitrião. “Escolha móveis com uma escala adequada, tomando cuidado para não obstruir a circulação e deixar livre o caminho da porta de entrada”, indica Elaine.

Já o banheiro deve ser pensado como local de limpeza. Assim, tente deixá-lo relaxante com a ajuda de velas, aromas e plantas. “Recomendo também sempre fechar a tampa do vaso e a porta do local, pois ali existe um vórtice de energia muito forte para baixo, que pode sugar a energia boa”, explica Vera.

O cuidado com metais e torneiras é importante. De acordo com as duas especialistas, os cinco elementos – água, madeira, fogo, terra e metal – são qualidades energéticas que podemos combinar dentro da casa, de acordo com o que você quer fazer vibrar. “A bagunça e aquilo que está em desuso pode ser um obstáculo na casa. Por isso, o feng shui e a organização caminham juntos”, diz Vera.

Konmari. Tudo o que você tem em sua casa deveria partir de uma escolha consciente. “Se tem alguém de que você não gosta muito, você se afasta. Dentro de casa, deveria ser a mesma lógica”, diz Vera Sousa. Caso você guarde um presente de que não gosta, um objeto que não usa ou, ainda, algo quebrado que você nem sabe por que guardou, que tal se livrar de tudo? Ter somente aquilo que o representa e lhe faz feliz é o lema do método Konmari, criado pela organizadora Marie Kondo.

Para saber de quais objetos se livrar e conhecer mais seu próprio lar, é interessante observar item por item – a organização deve ser por categoria, e não por ambiente. “Sempre há objetos que estão em mais de um ambiente. Por exemplo, pacote de papel higiênico, que era para ficar na despensa e está no banheiro. Ou um isqueiro, que é da cozinha e foi parar no quarto ao acender um incenso”, detalha Mônica Vieira, especialista em organização formada no método Konmari.

A primeira categoria deve ser roupas, o que inclui sapatos, vestimentas, cintos e bolsas. “Coloque todas em uma pilha só. O choque de ver tudo junto ajudará no processo”, diz Mônica. O que for sobrando, durante o processo, separe em caixas e não mexa. “O que faz o método funcionar é o foco. A categoria roupas, por exemplo, inclui bolsa, mas não o batom que você acha dentro nela”, orienta. Em seguida, arrume papéis, livros e objetos diversos.

A última – e mais difícil – categoria são objetos com valor sentimental. “Tem gente que tem muita dificuldade de desapegar. Mas precisamos perceber que é um ciclo”, conta Mônica. O que liberta da sensação de culpa na hora de jogar fora ou doar, de acordo com ela, é agradecer.

É interessante também levar a própria natureza para dentro de casa. “Espada-de-são-jorge, lavanda, lírio-da-paz e jiboias são espécies bem legais”, indica Vera. Outra base essencial é deixar o espaço fluir pela casa, ou seja, não ter móveis maiores do que a casa pode acomodar e policiar a quantidade de objetos.

Fique atento aos mitos. “Achar que pintou uma parede e resolveu sua vida ou que posicionou um móvel de forma diferente e tudo se transformou é falso. A grande beleza está em visualizar sua intenção à medida que você insere objetos, trabalha com cores ou reposiciona móveis”, observa Elaine.

Plantas
A presença da natureza dentro de casa renova o ar. Dê preferência às plantadas em terra. Não escolha as artificiais, que têm apelo somente visual, mas não cumprem o objetivo desejado.

Reservado
Se possível, organize seus ambientes sozinho – a presença do outro pode influenciar suas escolhas. Deixe o trabalho em equipe para ambientes comuns.

Desapego
Saiba discernir o que pode ser doado do que deve ser jogado fora. “Precisamos mostrar consideração pelos outros, ajudando-os a evitar o incômodo de possuir mais do que precisam ou podem desfrutar”, conta Marie Kondo, em livro.

Amuleto
Tenha algum objeto que realmente o represente e lhe traga felicidade. O ideal é deixá-lo bem à vista, para gerar um sentimento bom ao longo do dia.

Compreensão
Não adianta colocar vários objetos sem sentido pela casa. “O espelho amplia as coisas. Então, se você colocar um em um local que não tem energia muito boa, você pode ampliar os seus problemas”, diz Vera Sousa.

Adaptação
Para que a bagunça ou a energia negativa não tenham vez, conecte-se com sua casa e passe seus objetos para o uso diário. “Por que usar aquela taça somente uma vez por ano? Passe a usá-la já”, sugere Mônica Vieira.

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