No Abismo do Silêncio
Ela chega mansa, sorrateira; é a depressão que se esconde traiçoeira…
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Depressão…
Chega mansa, calada, sorrateira,
Se esconde no peito, é traiçoeira…
Quase ninguém vê, quase ninguém se importa,
Mas ela habita o coração que desmorona;
Por que só notamos quando tudo desaba?
Quando a alma chora, quando a luz se acaba?
Será que faltou um olhar, um gesto de amor?
Ou fomos cegos diante da dor?
Há quem grite… sem fazer barulho,
Há quem viva… em eterno mergulho,
Buscando um abraço, um simples colo,
Mas o mundo com pressa, só deixa o abandono;
As pedras lançadas em forma de crítica,
Ferem mais do que qualquer dor física,
O coração sangra, enfraquece a mente,
E o peso da dor, cada vez mais crescente;
Só entende quem já enfrentou a noite escura,
Quem já sentiu na pele a dor mais dura,
Quem já lutou com os próprios pensamentos,
E chorou sozinho em seus lamentos;
Quem precisa de ajuda… nem sempre encontra,
Num mundo que passa, ignora e afronta,
Almas sensíveis são quase uma raridade,
Perdidas na correria, da fria sociedade;
Então, dizem que é apenas frescura,
E quando o peito cansa da luta dura,
Muitos se vão… em silêncio, em pranto,
Deixando no ar, saudade e espanto;
Mas os julgamentos não param de vir,
Cruéis, tardios, prontos para ferir…
E a família chora em dor e lamento,
Por não terem percebido o sofrimento;
Por não terem visto aquele olhar cansado,
Por não terem dado um abraço apertado,
Por não notarem o pedido de atenção,
Escondido no silêncio do triste coração;
Por isso, escute… observe… abrace com calor,
Antes que o grito se cale na dor,
Seja presença, seja luz, seja compreensão,
Às vezes salvar alguém, é simples,
Um singelo sinal de carinho, sem depreciação.
