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Modéstia à parte

Em casa de ferreiro, espeto de pau é de Ferreira

Publicado

Autor/Imagem:
Bartô Granja

Não tem jeito mesmo. O Brasil é, como se diz por aí, o País da piada pronta. Não que toda a platéia seja assim, de dar risadas. Muito menos os protagonistas dos palcos. Mas somos, literalmente, a casa do ferreiro onde o espeto é de pau. Ou, melhor dizendo – sem modéstia – é assim na casa de Modesto Ferreira, ex-presidente do Crea no Rio Grande do Norte. Vira e mexe ele apronta uma. E tenta convencer que seus malfeitos foram desconsiderados, que ele tem um nome intocável. Ilusão de quem acredita. Porque, creiam ou não, Modesto, como lobo, se veste de carneiro. Até que a casa cai.

A história de Modesto Ferreira é complicada. Extensa como folha corrida que passa pelas mãos de investigadores e acaba sendo esmiuçada no Tribunal de Contas da União. É justamente no TCU – nonde Modesto diz ter nome limpo – que existe um volumoso processo sobre suas artimanhas quando dirigente do Crea/RN. Há alguns dias, em contato com Notibras, ele negou tudo. Mas deve estar cego. E seus advogados surdos. É o que indica uma rápida olhadela, mesmo sem o auxílio de uma lupa, no processo de Tomada de Contas 015.880/2018-4 do TCU.

Nessa investigação, que não foi arquivada, ao contrário do que disse Modesto, ele é denunciado por malversação de recursos públicos. A denúncia também chega a atual presidente do Crea/RN, além de outros dirigentes que atuaram antes, durante e após a gestão de Modesto.

Se a casa de Modesto ainda não caiu, já se sabe que ao invés de concreto, ele usou barro para erguer suas maracutaias. E a casa começa a ruir. Conselheiro do Confea (são três mandatos seguidos, com o atual expirando em 2021) Modesto Ferreira aprovou suas próprias contas no órgão que dirigia. Foi aí que começaram as suspeições, pois até hoje o Confea aprovou apenas as contas de 2017 do Crea/RN, ficando todos os demais pendentes, obviamente com apoio do presidente do Confea, engenheiro Joel Kruger. É como se ele, lobo, tomasse conta do seu próprio galinheiro.

Há uma bomba no colo dele prestes a estourar. Os auditores do Tribunal de Contas da União e p Ministério Público não brincam em serviço. E quando o barril de pólvora explodir, vai sobrar estilhaços para todos os lados. Tudo porque Modesto, segundo a denúncia investigada pelo TCU, patrocinou atos de improbidade administrativa. Um deles, foi a compra, sem licitação, e por preços acima do mercado, de um prédio do Senge-RN. Coincidência ou não, ele presidia o Crea e o sindicato.

No TCU, o que se comenta é que Modesto Ferreira praticou improbidade. Logo ele que, como como hoje conselheiro, deveria cuidar da coisa pública. Ele está sendo cobrado a dar explicações não só ao TCU, como também ao Ministério Público Federal. O processo contra ele avança a passos largos. E a ação da compra do prédio – um negócio estimado em quatro milhões de reais – é apenas a ponta do novelo de linha que se mostra enlameado.

Há muita coisa que recebeu as digitais de Modesto Ferreira ainda a ser investigada. Tem gente sugerindo ao TCU e ao MPF que seja aberta a caixa-preta dos imóveis da Mútua, esses mesmos que o engenheiro Modesto usufrui a preços subsidiados. As informações são de que Modesto divide o aluguel de um dos flats da Mutua em Brasília com um diretor da própria Mútua, a quem ele deveria fiscalizar. Os indícios são de que, colocando-se a chave e girar a fechadura, aí, sim, a casa vai ruir de vez.

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