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Fim da discriminação

Empresas que contratam LGBT+ têm mais sucesso

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Autor/Imagem:
Carolina Paiva, Edição - Foto Divulgação

Uma pesquisa realizada em 2019 pela empresa de consultoria de engajamento Santo Caos, com representantes de recursos humanos de 14 estados brasileiros, revelou que 33% das instituições têm restrições para contratar pessoas LGBTQIAP+. No ano anterior, a empresa de consultoria norte-americana McKinsey realizou um levantamento sobre a performance financeira de mais de mil empresas, e constatou que as que apostavam em diversidade de gênero tinham um lucro 15% superior às demais.

Para Leonardo Drummond, diretor da Diversifica, professor e pesquisador sobre Diversidade Sexual e de Gênero, os ganhos da inclusão de gênero nas empresas vão além da receita. “A empresa que diante de uma pessoa plenamente capacitada, deixa vieses inconscientes atuarem e acabam deixando de contratar pessoas por conta da identidade de gênero ou orientação afetivo-sexual, perde muito. Organizações que se preocupam em ter uma equipe diversa são mais bem-sucedidas porque contam com diferentes pontos de vista na tomada de decisões, ampliam o leque de talentos, retém mais as pessoas e promovem mais colaboração e engajamento”, afirma.

Um levantamento feito pelo LinkedIn revelou que 35% das pessoas LGBTQIAP+ já sofreram discriminação por parte de colegas de trabalho, por meio de piadas e comentários preconceituosos. Diante desse dado, Leonardo sugere que as empresas não deixem o dia 28 de junho passar sem nenhuma ação e invistam em oportunidades para trabalhar o tema, através de uma palestra ou de uma roda de conversa, por exemplo.

“Essas ações de sensibilização e letramento são o início de um trabalho que deve ser maior, que deve ser feito o ano todo. A gente precisa criar ambientes nas organizações para que todas as pessoas se sintam seguras e integradas. Precisamos mostrar que quem não é parte da comunidade LGBTQIAP+ pode atuar como pessoas aliadas, o que também é muito importante. Promover iniciativas neste mês ajuda a evitar que o ambiente de trabalho se torne um lugar de opressão e preconceito. Parece simples, mas isso ajuda a mudar a cultura organizacional”, afirma.

 

A equidade nas organizações, porém, vai além de ações pontuais ou da contratação de um ou outro funcionário LGBTQIAP+, por exemplo. O diretor da Diversifica, acredita que a promoção da igualdade começa no processo seletivo. “Por isso é tão significativo quando algumas empresas abrem vagas específicas para grupos minorizados. As pessoas trans ou travestis, por exemplo, costumam ter um histórico de sair de casa mais cedo, devido à não aceitação das famílias. Assim, muitas oportunidades lhe são tiradas. Provavelmente, o currículo dessa pessoa estará em defasagem quando comparado com o de um homem branco, hétero e cisgênero. Então, é importante implementar processos seletivos que não sejam tão focados no currículo, pois essas pessoas são muito competentes e há maneiras de se dar atenção às suas potencialidades nos processos”, pontua.

Uma pesquisa realizada pela de consultoria de gestão Accenture revelou em 2020 que apenas 31% dos colaboradores LGBTQIAP+ falam abertamente de sua orientação afetivo-sexual ou identidade de gênero no ambiente de trabalho. “Esses colaboradores e colaboradoras acabam não falando sobre suas vidas pessoais no trabalho para não sofrerem preconceito e discriminação. Omitir a vida pessoal dessa forma inibe vínculos, conexões e não gera proximidade com as equipes e pertencimento com o ambiente de trabalho”, considera Leonardo.

Levantar a bandeira LGBTQIAP+ nas organizações envolve não só a contratação, mas a retenção e o desenvolvimento das pessoas dentro da empresa. “Não basta assinar a carteira de trabalho, é preciso acolher de verdade as pessoas. É necessário criar oportunidades de formação, possibilitar que elas cresçam e atinjam cargos de liderança, pois a comunidade LGBTQIAP+ precisa ter representatividade em todos os níveis hierárquicos, não apenas nos cargos de base”, conclui.

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