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Chega de poesia

Ernesto precisa ser esperto para evitar tombo do Brasil lá fora

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Ka Ferriche, Especial para Notibras

Com a assepsia ideológica que promete empreender por um Brasil novamente formatado a partir de 2019, Jair Bolsonaro certamente vai enfrentar no cenário internacional algumas resistências. A obviedade de ter escolhido Ernesto Araújo para comandar o Ministério das Relações Exteriores por ser um embaixador de carreira, com méritos, certamente, conhecedor da realidade corporativa estadunidense, ainda é um caminho a ser verificado.

Araújo conhece bem os movimentos dos EUA e Canadá, entende as razões que fundamentam o discurso de Bolsonaro, poderá contribuir para o realinhamento comercial do Brasil no mundo. Será necessário ser menos diplomata e mais executivo. Menos poeta e mais produtivo, sem críticas aos poetas, claro.

A escalada do nosso presidente eleito produziu a revelação de dezenas de editoriais de expressão mundial, com viés comunista ou mesmo oportunistas em busca de manchetes. A relação de veículos de imprensa com essa orientação perniciosa inclui o New York Times, Guardian, Le Monde e El País. No Brasil é bom nem relacionar os grupos de comunicação, maiores e menores, que estiveram dedicados a destruir a campanha de Bolsonaro.

O soldado enfrentou os poderosos, resistiu a ataques, inclusive físico, e trouxe esperança independente de sua biografia. O Brasil não elegeu um homem, elegeu um representante de sua impaciência com o crime organizado, com tresloucados que ofereciam uma cesta básica em troca da vida dos doentes que morreram nas filas dos hospitais, apesar da competente ajuda dos médicos cubanos.

Surge a figura do brasilianista nos países concorrentes. Uma tal de Barbara Weinstein, professora na New York University, é um desses especialistas em Brasil que só enxerga o próprio umbigo. Como seus conterrâneos.

Muito próprio de acadêmicos, as análises que definem Bolsonaro como fascista, são burras. Ninguém vai entender o Brasil a menos que seja brasileiro, onde boa parte da população também não entende nada do que acontece com ela. O que vão dizer agora que o futuro presidente vai trazer de volta Israel para o nosso quintal? Ele ainda será um fascista hitleriano? Outro palpiteiro, um historiador de nome Green, afirma que a economia terá peso importante. Papai Noel, hô, hô, hô.

Com as devidas ressalvas, publicou o UOL, portal brasileiro: “Com as devidas ressalvas, é (sic – naquela redação tem problema de concordância de tempo, naturalmente) o que aconteceu, nas últimas semanas, com a Arábia Saudita. Antes badalada pelos investidores, o reino agora é malvisto devido ao assassinato e esquartejamento de jornalista crítico ao governo.”

Trágica previsão publicada, ao fazer uma analogia daquele episódio com o governo legitimamente eleito aqui.

O historiador Green também vê riscos à democracia, sob a óptica de quem está fora. Preocupado com o que considera “ataques à democracia”, ele lançou um manifesto voltado a estudiosos do Brasil nos Estados Unidos. Grande coisa. Em poucas semanas, mais de mil acadêmicos de cerca de 200 instituições em 38 estados dos EUA assinaram o documento.

“Eu nunca vi adesão tão rápida”, badalou, o palhaço. “Digo que 95% das pessoas que estudam o Brasil estão preocupadas.”

Ernesto Araújo agora terá que dizer ao que veio. O MRE é o ninho dos ovos da serpente. Será protagonista e âncora de um novo modelo democrático, pragmático, não populista, de gerenciamento de uma das dez maiores economias mundiais.

A arrogância do torneiro mecânico preso, Lula, ao desprezar a alcunha de ser “o cara”, conforme afirmou Obama, apenas para agradá-lo e ser simpático, ainda que o considerasse um merda, é uma boa orientação à mídia internacional, à academia teórica e improdutiva, à imprensa ignorante – às vezes analfabeta –, que estamos vendo. Por trás disso grandes interesses onde não cabe a vaidade injustamente propagada que diplomatas têm.

Ernesto Araújo, gaúcho de Porto Alegre, deverá agora ficar atento, senão:
O Arnesto nos convidou prum samba
Ele mora no Brás
Nós fumo não encontremos ninguém
Nós vortemos com uma baita de uma réiva
Da outra vez, nós num vai mais.

Fique esperto, Ernesto.

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