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Ziquizira...

Espanto

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Autor/Imagem:
Gilberto Motta - Texto e Foto

A ave levanta o voo e vupt.

“Infinito é nada, dotô!”.

Pois veja se por bem ou pena.

Da plumagem, só o encanto ficô.

Da trajetória, a vertigem.

Das cores fortes, o contraste.

Dos pés do cão, as esporas.

O garrão, a frieira, a sola. Pois não sei se foi capricho. Coisa feita, traição. Ziquizira, fel, quebranto. Guerra de breu.

Confusão.

Desengano. Desencanto.

Pras bandas do rio Solidão.

A ave alçou o voo, desceu e Zás!

Baque certeiro, flechado.

Forte, determinado.

Olho cego, seco, morte.

Coice de jegue.

Bafo de bode.

Lá “ficô no meio do redemoinho o cramunhão”.

Regurgitando a carne, na plumagem transformista do pavão.

“Infinito é nada, dotô!”.

Poeira, estrada, espanto.

Sertão.

…………………….

*Gavião, Pedra da Boca (Araruna/PB-Novembro 2019)
** Gilberto Motta é escritor, jornalista e professor/pesquisador. Este microconto integra o livro inédito de textos curtos “ZIQUIZIRA”. O AUTOR VIVE NA Guarda do Embaú, vilarejo de pescadores e turistas no litoral Sul de SC.

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