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Nem tudo é gastrite

Estresse faz estômago queimar como brasa

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Autor/Imagem:
Camila Tuchilinski

A contadora Sandra Guerra, de 48 anos, começou a sentir fortes dores na região abdominal, queimação no estômago e um mal estar físico. Ela percebeu que esses sintomas começaram a surgir quando passou por uma situação de estresse.

“Notei que eles (sintomas) se intensificaram na época que minha filha estava passando por alguns problemas na escola. Meu médico explicou que quando estamos em situações de tensão, o nosso organismo acelera a liberação do cortisol e adrenalina, hormônios que elevam a produção de ácido no estômago. Lidar com a situação que minha filha estava envolvida fez com que esse processo acontecesse comigo e que desenvolvesse uma dispepsia funcional, um nível da gastrite que atinge todo o estômago”, lembra.

Sandra buscou um especialista que, após avaliação clínica e exames médicos, deu o diagnóstico de gastrite. “Durante a pandemia eu já vinha fazendo o acompanhamento médico e tratamento adequado para a gastrite (emocional), mas notei que após testar positivo para covid-19 tive algumas crises de ansiedade que fizeram os sinais e sintomas aparecerem, felizmente, de maneira mais branda”, afirma. Além do acompanhamento com o gastro, Sandra Guerra faz psicoterapia para ajudar a lidar com estresse e ansiedade.

O médico Gustavo Patury, especialista em aparelho digestivo, explica que o estômago é o órgão que mais sente o estresse: “A ansiedade causada pelo estresse libera cortisol e adrenalina, isso faz com que o corpo produza ácido do suco gástrico em excesso e acaba diminuindo uma camada de proteção que temos no estômago. A alta acidez deixa todo o sistema digestivo irritado, causando dores e náuseas, levando a pessoa a ter uma gastrite nervosa”.

Sempre que não estamos bem, do ponto de vista emocional, o nosso corpo reage. Sensações como angústia, medo, ansiedade podem desencadear doenças estomacais como gastrite nervosa ou úlcera.

“A gastrite é uma inflamação que ocorre na parede interna do estômago. Essas lesões são mais superficiais do que no caso da úlcera, que é um agravante da gastrite e apresenta lesões muito profundas na parte interna e no revestimento do estômago. As duas estão ligadas à saúde mental. Na maioria das vezes as complicações da úlcera acontecem pela falta de tratamento da gastrite ou pelo uso de anti inflamatórios e tabagismo”, enfatiza o especialista em cirurgia bariátrica e metabólica Gustavo Patury.

Existem outras patologias associadas ao estresse e ansiedade, como refluxo gastroesofágico e a síndrome do intestino irritável. “O intestino é nosso segundo cérebro, aliás, vai além. Ele é responsável por produzir a maior parte da substância do bem-estar (serotonina). Descargas de adrenalina podem mexer com o intestino, causando espasmos e, eventualmente, causar, por exemplo, uma dor de barriga inesperada”, acrescenta o médico Rodrigo Barbosa, cirurgião do aparelho digestivo.

Ele ressalta que, por causa do isolamento social em decorrência da pandemia de covid-19, muitas pessoas promoveram alterações nos hábitos alimentares. “Muitos entram num ciclo de mudança alimentar grave por estar em casa, causando as mais diversas alterações, desde constipação a diarreias. Isso também está relacionado ao aumento da ansiedade pelo medo que tem nos cercado, diz Barbosa”.

Além de buscar uma alimentação balanceada, inclusive estando em isolamento social, é preciso estar com a saúde mental em dia, na opinião do médico Rodrigo Barbosa: “Muito do que se sente está relacionado não somente ao estado emocional, mas ao que se come, como se come, quanto se come e a qualidade dos alimentos que colocamos pra dentro. Ao mesmo tempo, nos resta esperar por dias melhores e, enquanto isso, vigiar o que comemos, controlando a mente – é o que podemos fazer para melhorar nossa vida na esperança de dias melhores”.

O cirurgião Gustavo Patury, especialista em aparelho digestivo, concorda: “Uma das melhores formas de evitar as doenças do sistema digestório é cuidar do psicológico, assim como manter um tratamento com um profissional de psicologia ou psiquiatria (no momento de forma online), assim como seguir uma alimentação saudável e seguir uma rotina com exercícios físicos que evitam dores e problemas no estômago. Ah, outras dicas de prevenção: evitar comer com frequência alimentos muito ácidos, jejum prolongado, café, bebidas alcoólicas e cigarro”, conclui.

 

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