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Rosário vira investigado

Faltou tapa na CPI, mas teve ‘moleque’ e ‘pau mandado’

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Mário Camargo - Foto Leopoldo Silva

Só faltou troca de bofetões. Afora isso, teve de tudo na CPI da Pandemia nesta terça, 21, durante depoimento do ministro Wagner Rosário. A sessão foi encerrada em ambiente tenso, quando o chefe da Controladoria Geral da União, após atacar a senadora Simone Tebet (MDB-MS), foi chamado de moleque, machista e pau mandado do presidente Jair Bolsonaro.

Os momentos de maior tensão aconteceram quando Simone Tebet lamentou que a CGU não tenha acompanhado a compra da vacina Covaxin, como havia sido definido. Para ela, o ministro Wagner Rosário “passou pano” e deixou suas funções de controle interno preventivo para fazer uma defesa intransigente do Ministério da Saúde e do governo federal no caso das negociações da vacina indiana.

“No momento em que mostramos todas as incongruências e [o ministro] não aguentou, passou para falas infelizes”, disse a senadora, que não falou sobre a controvérsia se o ministro teria sido machista com ela.

O certo é que Wagner Rosário e senadores trocaram ofensas durante a reunião da CPI. Depois de ser acusado de omissão por Simone, o ministro da CGU recomendou que a parlamentar relesse os processos que apuram a compra da vacina Covaxin.

Em resposta, Otto Alencar (PSD-BA) chamou Wagner Rosário de “moleque” e “pau mandado”. Em seguida, o ministro disse que Simone Tebet estava “totalmente descontrolada”.

Randofe Rodrigues (Rede-AP) e Rogério Carvalho (PT-SE) disseram que Wagner Rosário é “machista” pelo ataque à parlamentar. Otto Alencar voltou à carga e chamou o ministro de “descarado” e “moleque de recado”. O titular da CGU rebateu: “Não vou responder em respeito à sua idade”.

Fora dos microfones, senadores chegaram a pedir a prisão de Wagner Rosário. Omar Aziz (PSD-AM) suspendeu a reunião da CPI.

Antes de encerrar a reunião, o presidente Omar Aziz (PSD-AM) anunciou que o chefe da CGU vai deixar a condição de testemunha para ser investigado pela CPI. O anúncio foi feito após a retomada dos trabalhos que haviam sido interrompidos após bate-boca.

Simone Tebet acusou Wagner Rosário de omissão no episódio da tentativa de compra da Covaxin. Ela afirmou que o ministro da CGU atuou como se fosse advogado do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ao conceder entrevista coletiva em que negou irregularidades no contrato, que ainda era investigado pelo órgão.

— Ele [o depoente] não poderia ir numa coletiva com o ministro Queiroga e fazer uma defesa intransigente de um contrato irregular que estava em processo de investigação pela própria CGU. Lamento muito o papel que Vossa Excelência está fazendo, o desserviço para o país e com o dinheiro público. Vossa Excelência não é advogado do presidente da República ou do ministro da Saúde. Vossa Excelência não é nem um advogado na estrutura da CGU — criticou a senadora.

Antes dos fins dos trabalhos Renan Calheiros (MDB-AL) questionou Wagner Rosário sobre o motivo que levou a CGU a utilizar “indevidamente” a Lei de Acesso à Informação para negar ao Tribunal de Contas da União (TCU) acesso às apurações preliminares sobre as negociações entre o Ministério da Saúde e a Precisa Medicamentos para a aquisição da Covaxin. Ao responder à pergunta, o ministro disse que não decretou nenhum sigilo e que desconhece essa informação.

Segundo Wagner Rosário, o TCU não acessa dados públicos com base na Lei de Acesso à Informação. Ele também afirmou que a CGU, no âmbito do seu poder disciplinar, não é fiscalizada pelo TCU.

Já na parte final de suas perguntas, o relato insistiu em saber por que a CGU não tomou providências para a demissão de Roberto Dias, ex-chefe do Departamento de Logística do Ministério da Saúde. O relator lembrou que já era de conhecimento público que Dias estava envolvido em irregularidades, tanto que o ex-servidor chegou a ser indicado para a diretoria da Anvisa e teve a indicação retirada depois. Ainda segundo Renan, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello pediu o desligamento de Dias, que foi negado por pressão política do Palácio do Planalto. O ministro ficou calado.

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