Hora e local certos
Felicidade dispensa palco. Basta querer; e sorrir
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É natural que, vez ou outra, a gente acredite que a felicidade more nas grandes conquistas. Nos diplomas entregues sob aplausos, nas viagens cuidadosamente planejadas, na casa sonhada, na assinatura de um contrato, no dia do casamento, no nascimento de um filho. Há, de fato, uma beleza quase solene nesses instantes. Não nego, e seria hipocrisia dizer o contrário, que o dinheiro facilita muitos desses caminhos. Ele não compra a felicidade, mas paga passagens até onde ela costuma estar esperando.
Mas se a felicidade habitasse apenas nessas vitórias grandiosas, seria então uma hóspede esporádica da nossa vida. Seria breve, escassa, rarefeita. Porque esses grandes momentos são assim: raros, efêmeros, incapazes de preencher todos os dias.
Com o tempo, aprendi a encontrá-la também — e sobretudo — nas pequenas delicadezas do cotidiano. Ela está na manhã de domingo, quando o sol entra macio pela janela, e eu preparo o almoço ouvindo o riso da minha filha brincando com o pai na sala. Está no caminhar despreocupado com as minhas cadelas queridas, enquanto sentimos juntas o cheiro da grama, o vento suave, o silêncio confortável das ruas vazias. Está no parquinho perto de casa, onde minha pequena corre com os cabelos ao vento, rodopia, gargalha e descobre, aos poucos, o gosto doce da vida.
Ali, no que não é extraordinário aos olhos do mundo, mas é imenso para o meu coração, mora um contentamento sereno. Uma felicidade de corpo inteiro, sem estardalhaço, sem palco. Apenas sendo.
Ali, no que não é extraordinário aos olhos do mundo, mas é imenso para o meu coração, encontro algo que não precisa de nome. Não é euforia, não é êxtase. É um sossego bom que me aquece por dentro, como quem sabe, mesmo sem grandes fogos, que está exatamente onde deveria estar.
