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Veneno desviado

Filho 03, Eduardo se atrapalha e ajuda a abrir caminho de Lula 4

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Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo - Foto de Arquivo/Lula Marques - ABr

Tem dias que, mesmo com a alma anuviada, a gente acorda preocupado com o enviado. Esta manhã, fui vítima do assoviado do enviado anuviado. Ainda bem que o enviado não foi extraviado, mas o objetivo de sua viagem, ao contrário do que foi falado, acabou desviado. Vamos aos fatos. Quem atira para todos os lados sempre imagina atingir o pé esquerdo do adversário. O problema é que, quando falta a mira, o atirador acaba acertando a própria mão direita. Que o digam todos os membros do ex-todo poderoso clã Bolsonaro. O último a experimentar o veneno que destila para todos os lados foi o quase ex-deputado federal Eduardo Bolsonaro, o 03.

Com larga experiência de fritador de hambúrgueres na Quinta Avenida, um dia acreditou que poderia ser indicado embaixador do Brasil nos Estados Unidos. Para o bem de todos e felicidade geral da nação, o pai fingiu que não ouviu, rezou um Pai Nosso, uma Ave Maria e gritou para o mundo inteiro ouvir: Pé de pato, mangalô três vezes. Pelo menos nisso ele acertou. O tempo passou até que Eduardo Bolsonaro decidiu procurar tio Donald Trump. A ideia era um tête-à-tête com a base mais radical do trumpismo no Congresso americano para vender a ideia de que o Brasil vive uma suposta ditadura. Perdeu novamente.

Não achou e não achará o que queria, mas, para não perder a passagem paga pelo Erário, tem se dedicado a articular uma ação do governo Trump contra autoridades brasileiras, tendo em vista a eleição brasileira de 2026. Desde que fugiu para os braços de Tio Sam virou a esperança bolsonarista. A expectativa dele, do clã e dos fanáticos “patriotas” é a de que a Casa Branca emparede o Brasil, particularmente o Supremo Tribunal Federal e o xerifão Xandão.

Esta semana, mais uma bola fora. O governo Trump desmentiu a versão dada por Eduardo Bolsonaro aos loucos de plantão de que um americano seria enviado ao Brasil para tratar de sanções contra nossas autoridades. Desmentido, Dudu ficou encarnado, sorriu amarelo e caiu na baba escorregadia do quiabo. A viagem do tal funcionário realmente ocorrerá. Aliás, ele já está no Brasil. Só que a visita foi organizada pelo governo brasileiro e tem por objetivo estabelecer uma cooperação no combate ao crime organizado.

Chefe interino da Coordenação de Sanções do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Davi Gamble é o tal enviado do Deus branco dos norte-americanos já vermelhos de raiva. Em Brasília, o “camarada” participa de uma série de reuniões bilaterais sobre organizações criminosas transnacionais. Nada mais do que isso. Na pauta, as eventuais sanções serão exclusivamente dirigidas ao combate ao terrorismo e ao tráfico de drogas. Embora rabo e conselho só deve dar a quem pede, vale lembrar ao deputado fujão que o mal do ser humano é falar demais nas horas erradas.

Como afirmam os sábios, é melhor abrir a mente antes da boca. Diz o ditado que quem só fala mal dos outros é porque não tem nada de bom para falar de si. Será o caso de Dudu Bolsonaro? Não sei, mas cabe outra pergunta: O que ele já disse de aproveitável? Soube por fontes shakespearianas que Xandão morreu de medo das sanções sugeridas ao enviado. Ainda bem que o enviado não enviou. Soube também que, nos bastidores, Alexandre de Moraes comparou veneno de cobra desdentada a suco de maracujá sem açúcar. Ou seja, não mata e não engorda. Com o enviado desviado, a essa altura o 03 deve estar morrendo de medo de ter contribuído para pavimentar o caminho do Lula 4.

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Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras

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