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Terra fora de rota

Filme de ficção dá mostras de que a realidade vem aí

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Autor/Imagem:
Bartô Granja, Edição

O Núcleo (viagem ao centro da Terra) é uma ficção hollywoodiana que está prestes a se transformar em realidade. Conta as aventuras de um grupo de cientistas para corrigir a rotação do planeta. É preciso detonar bombas nucleares lá onde o calor é escaldante, onde o ferro vira lama incandescente. Só assim os polos voltarão a ter equilíbrio.

Agora, vamos aos fatos: ao seu redor, a Terra tem um campo magnético que guia bússolas e migrações de animais, mas também age como seu escudo protetor, repelindo partículas energéticas que vêm do Sol. Esse campo magnético, contudo, tem um ponto excepcionalmente fraco. Fica sobre a América do Sul e o sul do Oceano Atlântico. É conhecido como Anomalia do Atlântico do Sul.

Sua existência permite que algumas dessas partículas solares mergulhem mais perto da superfície do que o normal. E a Nasa, agência espacial americana que monitora essa anomalia, acaba de notar uma “pequena evolução” nessa região de menor intensidade do campo magnético da Terra. Sua existência pode causar grandes problemas para satélites e espaçonaves.

Isso porque o Sol expele um fluxo constante de partículas. E, na região da anomalia, a radiação dessas partículas pode derrubar computadores de bordo e a coleta de dados de satélites.

Se for atingido por um próton de alta energia, um satélite pode entrar em curto-circuito, sofrendo uma falha temporária ou danos permanentes em algum componente. É por isso que operadores geralmente desligam componentes não essenciais de satélites quando passam pela Anomalia do Atlântico do Sul.

Estudando a anomalia, cientistas observaram que a região está crescendo e se expandindo para o oeste. E ela também começou a se dividir.

Dados recentes mostram que o “vale” da anomalia, ou onde há menor força no campo magnético, se dividiu em dois lobos, causando ainda mais dificuldades para missões de satélite.

A anomalia não causa impactos visíveis na vida diária na superfície da Terra, mas estudá-la também é uma boa oportunidade para cientistas aprenderem o mecanismo por trás do campo magnético da Terra.

A Anomalia do Atlântico do Sul surge de duas características do núcleo da Terra: a inclinação de seu eixo magnético e o fluxo de metais em seu núcleo externo. A agência espacial explica que a Terra é como se fosse uma barra magnética, com pólos norte e sul com polaridades magnéticas opostas. Mas o núcleo não é estável, nem está perfeitamente alinhado ao longo do globo.

Isso acontece porque o campo magnético é produzido na parte interna do planeta, no núcleo líquido da Terra, a milhares de quilômetros de profundidade. Ali, ferro e níquel em uma temperatura e pressão muito altas geram uma corrente elétrica. E a corrente elétrica gera, por sua vez, o campo magnético.

Só que o campo magnético muda por causa de processos dinâmicos que acontecem no núcleo, que muda ao longo do tempo por causa de condições geodinâmicas. Esses processos se propagam para o campo magnético, o que acaba provocando a Anomalia do Atlântico do Sul e outras características no ambiente próximo ao nosso planeta.

É por isso que estudar o campo magnético é uma forma de desvendar, também, a dinâmica do núcleo da Terra.

 

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