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Vó atenta

Fofoca pela metade de Dirce vale repreensão

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Produção Irene Araújo

Mal chegou à casa da amiga, Dirce foi puxada pelo braço. Ela apenas sorriu aquele sorriso de regozijo, enquanto Paula, ainda com mão firme, a encarava com os olhos arregalados. No canto, Toinha, a avó, parecia desfrutar mais um dos inúmeros cochilos diários.

– Conta!

– Contar o quê, Paula?

– Tudo! Quero saber de tudo!

– Não sei do que você tá falando, mulher!

– Não se faça de sonsa, pois a Ritinha me disse que você estava lá quando aconteceu.

Dirce se sentiu a mais privilegiada das criaturas da quadra, pois, ela sabia, era detentora de informação sobre o maior bafafá dos últimos tempos. Ademais, a mulher possuía a versão original, sem interferência da famosa rádio corredor.

– Diga logo, Dirce!

– Só sei que o Laurentino pegou a Maria na cama com outro.

– No ato?

– Sei lá!

– Rezando que não tava. Conte! Conte! Quero saber!

– Mas, mulher, não sei de nada.

– Pois não é o que o povo tá falando.

– E o que é, então? Diga!

– Diga você, que viu tudo!

– Vi nada, Paula. Além disso, não gosto de ficar falando da vida dos outros.

– Pois, sim! Logo você!

– E o que tem eu?

– A Solange me disse que você contou muito mais coisas pra ela.

– E você lá ainda acredita nas coisas que a Solange fala? Me poupe!

– Pensei que fôssemos amigas, Dirce.

– E somos! Mas não vi nada além do Laurentino jogar na cara da Maria as coisas que ela tava fazendo com o Juninho.

– Com o Juninho?

– Pois é. Você acredita?

– E ele com aquela carinha de sonso.

– Sonso nada! Parece que já deu uns pegas até na Márcia.

– A mulher do Pedro da padaria?

– A própria!

– Valha-me Deus!

– Pra você ver!

– Conte! Conte tudo! Quero saber!

– Mulher, preciso ir agora. Depois passo aqui e conversamos mais.

Apesar da insistência de Paula para que a amiga prosseguisse com a história, Dirce foi em direção à porta. Nada parecia dissuadi-la de guardar, ao menos por mais algum tempo, aquelas informações preciosas. No entanto, quando ela meteu a mão na maçaneta, eis que a velha Toinha, com olhar firme, a provocou.

– Minha filha, fofoca pela metade não edifica. E tem mais!

– Mais o quê, dona Toinha?

– Fofoca pela metade mata a fofoqueira.

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