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Estudo da Unicamp

Gordura saturada pode causar perda neuronal

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Autor/Imagem:
Carolina Paiva, Edição

Agora é oficial: consumo excessivo de gordura saturada está diretamente associada à perda neurona. É o que atesta um estudo do Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades, da Unicamp. O mal vem pela interrupção das vias de sinalização da saciedade.

“A estrutura da gordura saturada é semelhante à parede de alguns tipos de bactéria. O corpo reage achando que está reagindo a uma bactéria e gera uma inflamação. Essa inflamação destrói toda a sinalização da saciedade”, explicou Bruna Bombassaro, pesquisadora do centro.

Nos indivíduos obesos, mesmo tendo mais insulina e leptina que os indivíduos magros, esses sinalizadores de saciedade não funcionam. A interrupção da comunicação seria causada pela inflamação, gerada como resposta imunológica ao alto consumo de gordura saturada.

Uma das pesquisas realizadas pelo grupo verificou morte neuronal pelo consumo exagerado de gordura saturada em camundongos. Submetidos a uma dieta hiperlipídica (com excesso de gordura saturada), por entre oito e 16 semanas, os animais apresentaram morte dos neurônios responsáveis pela sensação de saciedade. “Os animais perdiam exatamente os neurônios que percebem que ele está alimentado e o levam a parar de comer”, afirmou Bruna Bombassaro.

A gordura saturada é amplamente utilizada pela indústria de alimentos para oferecer características como crocância, maciez ou palatabilidade aos alimentos. É também a gordura presente em carnes, lácteos, ovos e manteiga. Em uma dieta saudável, esses alimentos trazem a quantidade de gordura que o corpo precisa.

A nutricionista comportamental Patrícia Cruz lembra que começamos a consumir gordura saturada desde a tenra idade: “Começamos a consumir gordura desde o nosso nascimento. O leite materno apresenta em sua composição gordura, boa parte sendo triglicérides. Mas de fato iniciamos o consumo de gordura saturada quando introduzimos em nossa dieta alimentos de origem animal como leite, derivados, carnes e aves”.

A especialista ressalta que algumas pessoas são mais suscetíveis e acabam consumindo mais gordura saturada do que o tolerável. “Sabemos que alguns indivíduos mais vulneráveis apresentam vício em comer ou como chamamos ‘Food Addictive’ e que os alimentos altamente palatáveis (ricos em gordura e açúcar) estão entre os preferidos. Mas não podemos falar que alimentos ricos em gordura viciam. A análise deve ser mais ampla, isto é, precisamos avaliar o contexto do consumo”, avalia.

Os alimentos ultraprocessados também trazem uma quantidade de gordura saturada muito maior do que o corpo está preparado para administrar. “Um hambúrguer de fast-food tem mais gordura saturada do que deveríamos comer no dia todo, em uma única refeição, associada, ainda, a um monte de sal e açúcar. O problema é o excesso”, destacou Bruna Bombassaro, da Unicamp.

A endocrinologista Lívia Marcela ressalta que obesidade e diabete são as principais doenças associadas ao consumo excessivo de gordura saturada. “A obesidade pode gerar resistência a ação da insulina e com isso, ao longo do tempo, pode gerar diabete. Além de um aumento no risco cardiovascular, doenças como infarto e acidente vascular cerebral também são registradas”, ponderou a médica.

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