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Poder paralelo

Guardete manda como polícia em Brasília, a cidade sem lei

Publicado

Autor/Imagem:
Bartô Granja

“Vamos rodando, vamos rodando!”

A voz gutural vem de um guardete – esses vigilantes que o governo costuma contratar a peso de ouro junto a empresas de locação de mão-de-obra, majoritariamente pertencentes a grupos políticos. Ele é pago para tomar conta do patrimônio do Parque da Cidade, mas a ordem soa imperiosa. ‘Vamos rodando, vamos rodando’.

Pegos de surpresas, casais de namorados que costumam passear no Parque no início da noite se sentem amedrontados, coagidos, ameaçados, fragilizados. E surpresos, claro. Afinal, questionam, desde quando segurança privada tem poder de polícia?

Isso se passa em plena capital da República, depois do fiasco total do programa Pacto pela Vida, que o governador Rodrigo Rolemberg (PSB) importou de Pernambuco, onde o socialismo moreno do falecido Eduardo Campos tenta sobreviver pelas mãos de Paulo Câmara.

Lá como aqui os resultados desse ‘pacto’ são pífios, a ponto de animarem bandidos a assaltarem, literalmente, o Palácio do Buriti, onde Rollemberg pouco trabalha, uma vez que destina a maior parte do seu tempo numa campanha de reeleição vista por adversários como previamente fracassada.

“O que se supõe é que Brasília resolveu privatizar a área de segurança pública”, desabafa um costumeiro usuário do Parque da Cidade, que encaminhou à redação de Notibras áudios e imagens gravados com o que considera o uso de um poder paralelo pelas empresas de segurança que ‘alugam’ mão de obra para o Governo de Brasília.

A ordem expressa dada pela empresa de vigilância que assumiu a responsabilidade de cuidar da segurança patrimonial do Parque da Cidade, segundo garante um dos guardetes, é no sentido “de expulsar da área quem circule por ali à noite”.

O ‘poder de polícia’ teria sido concedido pela administração do próprio parque, que, procurada, não retornou as ligações da Redação. O que se sabe, porém, é que virou rotina ouvir-se por lá o famoso ‘Vamos rodando, vamos rodando’, de triste memória, dito a quem transita pelo local à noite.

Não bastasse isso, os novos ‘policiais’ passaram a soltar fogos de artifício no meio do parque, à noite, para espantar corujas, gambás e outros animais noturnos, esquecendo-se que quando agem assim estão condenando à morte muitos desses animais que, assustados, deixam de se alimentar.

Insatisfeitos com a nova ‘norma’ imposta pelos vigilantes, grupos de frequentadores do parque avaliam recorrer ao Ministério Público para fazer valer o direito de ir e vir, principalmente em locais públicos.

“Rollemberg pode terceirizar o que quiser; vender estádio, autódromo, centro de convenções… Mas daí inovar na segurança, violando nossos direitos de cidadãos, vai uma grande diferença”, enfatiza outro inconformado frequentador do parque.

Em tom de ironia, há, entre esse grupo, os que sugerem que o ‘Vamos rodando’ dos guardetes seja um prenúncio do fim do Governo de Brasília. Quem sabe Rollemberg ‘vai rodar literalmente’, profetizam.

Veja os vídeos: 

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