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Os três Brasis

Há quantos anos um 1º de Maio não é tão animador por essas bandas?

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Mathuzalém Júnior - Foto Antônio Cruz/ABr

O céu do Brasil já teve várias cores. Sem qualquer questionamento, a mais bonita delas é o azul dos tempos de paz, harmonia, união, parceria e torcida pela pujança da pátria. O período pode não ter sido longo, mas foi real. Tão real que até hoje temos uma economia mais ou menos exclusivamente por conta dessa fase. E estamos mais ou menos por causa de homens públicos mal-intencionados que trabalham dia e noite para que ela despenque. Para alguns, a intenção é que tudo que já foi conquistado vá para o buraco, pois somente assim eles acham que terão argumento para reinarem de forma absoluta.

E conseguirão caso não haja reação dos que pensam o Brasil diferente dos ogros e dos brucutus que torcem pelo caos e adorariam ver o país afundar de vez. Basta uma passada d’olhos na realidade brasileira para termos certeza de que alguma coisa mudou desde o rompimento com o pensamento ditatorial dos “patriotas”. No primeiro ano do atual governo, o PIB subiu 2,9%. Ainda é pouco, mas é bom lembrar que isso não ocorria desde 2010, quando alcançamos um crescimento de 7,5%. E ocorreu graças à recuperação do mercado de trabalho e do setor de serviços.

Também contribuíram para isso a aprovação da reforma tributária histórica, com potencial para estimular o crescimento, e do arcabouço fiscal, que substituiu o teto de gastos e estabeleceu um norte para as contas públicas. É claro que isso incomoda os defensores da palhaçaria, da anarquia, da balbúrdia e do pandemônio. São aqueles que, voluntária ou involuntariamente, estão conseguindo dividir o Brasil em pelo menos três vertentes: o da desordem e da perturbação, o da cilada política e o da farsa da democracia.

Este último é o mais preocupante, pois envolve pessoas e instituições historicamente contrárias ao arbítrio. É o caso dos professores, técnicos e estudantes de 52 universidades e de 79 institutos federais em greve desde o início de abril. Nada mais justo que reivindiquem melhores salários e condições de trabalho. Se é um problema antigo, por que não paralisaram o sistema durante o governo de Jair Bolsonaro? Medo, adesão ou apenas sacanagem com o presidente que está tentando acertar?

Se acham que o governo anterior era melhor, aguardem 2026 e adiram. Até lá, sugiro que avaliem os números. Por exemplo, a taxa de desemprego no trimestre até março foi de 7,9%, a menor já registrada para um trimestre encerrado em março desde 2014. É pouco, mais muito inferior à estimativa do mercado, que esperava uma taxa de 8,1% para o período. Obviamente que ainda não vivemos no melhor dos mundos. Entretanto, faz tempo que o cenário de um 1º de Maio não é tão animador.

Uma pena que o mal de Alzheimer tenha alcançado pessoas tão jovens. Esquecer de 1964, de 8 de janeiro e do Congresso de Arthur Lira (PP-AL) é esquecer a própria vida. Voltar aos tempos da lata d’água na cabeça só para os mamíferos ruminantes. Faz tempo que conseguimos enterrar os enganadores da fé pública. De remoto e macabro passado, os parasitas da ditadura sonham somente em assumir posições de destaque na economia, na política, na ciência, na cultura e, principalmente, na paz mundial. Por essas e outras, não me canso de repetir uma antológica frase do pensador e professor Leandro Karnal: “A democracia não é o paraíso, mas ela consegue garantir que a gente não chegue ao inferno”.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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