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Motor aquecido

Haddad faz economia andar, mas precisa de combustível

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Lauro Allan Almeida Duvoisin e Miguel Enrique Stédile/Via Boletim Ponto - Foto Lula Marques

Enquanto a economia quer alçar voo, a articulação política do governo continua dando voltas sem sair do lugar.Os motores estão sendo aquecidos, com, o recuo das projeções da inflação, aumento das expectativas sobre o PIB, bom desempenho da bolsa de São Paulo, dólar em queda e rebaixamento do risco país. Será este o céu de brigadeiro com que o governo sonha desde 1º de janeiro? Ainda não, mas o cenário mudou para melhor e até o reticente mercado está tendo que dar o braço a torcer.

Pontos para Lula e Haddad. Afinal desde o início o presidente insistiu que a batalha decisiva seria a economia, e Haddad foi o general em chefe que conseguiu colocar a estratégia em prática. Mas o processo ainda está em curso e há problemas a serem superados.

Primeiro, a recuperação da economia global ainda é tímida, e a inserção do Brasil também tem seus reveses, principalmente nas relações com a União Europeia. Segundo, os motores que estão aquecidos não são os dos automóveis, mas sim o do agronegócio, que tem puxado as expectativas do PIB para cima, enquanto a indústria automobilística segue em crise mesmo com o pacote de incentivos do governo. Terceiro, o plano de Haddad ainda está em andamento e todas as medidas dependem das articulações políticas no Congresso.

O Senado tem mostrado boa vontade com o governo, com a prorrogação das desonerações fiscais para 17 setores aprovada pela Comissão de Assuntos Econômicos. Porém, o arcabouço fiscal ainda sofrerá ajustes ao passar pela Casa, e a reforma tributária aguarda a construção de maioria na Câmara.

O quarto limite é Campos Neto, que insiste em retardar a redução da taxa básica de juros mesmo com a realidade batendo à porta e apesar dos apelos desesperados do empresariado. E se isso não é pouco, o principal desafio é ainda mais difícil: transformar o crescimento econômico em justiça social. Afinal, o consumo das famílias – principal sinal de bem-estar e motor do mercado interno – continua fraco.

Por isso, a recente aprovação do Minha Casa Minha Vida, assim como conseguir tirar do papel o programa Desenrola Brasil de renegociação das dívidas da maioria da população são decisivos para que o motor não apague antes da hora.

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