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Coisa de branquela

Heloísa pode entender de tiro, mas nada de história

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Autor/Imagem:
Fernando Tolentino - Foto Reprodução

Preste muito bem atenção para não confundir. A personagem da foto acima não é a rainha Elizabeth II. Essa carregava a sua própria sombrinha, como atestam fotografias durante o seu longo reinado.

Quem você está vendo é Heloísa Campos de Brito, delegada-chefe da Polícia Civil da Bahia.

Quem diria. Da Bahia, um estado em que 81,1% da população se declarou preta ou parda na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE).

No último registro de candidaturas, neste ano, este número ainda aumentou um pouco. Mas isso é outra história. E com outros interesses.

Sim. Somente 18,1% dos baianos são brancos, menos de um em cada 5. Está duvidando? Vá ao Barradão, à Fonte Nova. Nem vou falar da Pipoca de Kanario, da Liberdade ou do Calabar.

Pois não basta a delegada-chefe ter, como dizem, direito a segurança pessoal. Algum receio por ter sido antes corregedora da própria Polícia Civil? Mas, além do luxo dessa segurança, usa policiais – pretos, como se vê – para protegê-la da chuva.

Detalhe: ela não se sente obrigada a usar máscara, ao contrário da policial que a acompanha com a atribuição de cobri-la com a sombrinha.

Fico cá imaginando se ela imagina que 8 em cada 10 baianos ainda hoje, passados 134 anos da chamada Abolição, são obrigados a protegerem o restante da chuva.

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