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Ego

Hora de voltar ao corpo e ao seu Eu interior

Publicado

Autor/Imagem:
Andrea Pavlovitsch

Acabo de voltar da drenagem linfática. E essa que eu faço não é em clínica de estética, e nem tem como objetivo deixar a minha bunda sem celulites. Aliás, seria pretensão demais para uma massagem. Essa é feita por um daqueles seres de luz, chamada Paloma, que tem toque e mãos de fada. Fazia regularmente, mas a crise e o tempo me fizeram parar. Ontem, depois da terceira noite sem conseguir dormir de novo, eu decidi que precisava ir.

Você entra em uma sala escura, com uma música gostosa, e um cheiro de lavanda maravilhoso. Costumo ficar só de calcinha, totalmente entregue, deitada de barriga para cima. Ela massageia o corpo todo, fazendo os movimentos típicos da drenagem, muito suavemente. Aliás, se você receber uma drenagem – pura – que te aperta ou te faz sair da maca com hematomas, isso não é uma drenagem.

Sinto cada músculo ser massageado. Ela começa pelos ombros e braços, e você sente a dor de carregar o mundo. Depois, ela desce pelos braços, mãos e dedos. No final do segundo braço, eu já estava dormindo, dando aquelas cochiladas gostosas que só damos quando estamos na escola primária, na parte da tarde. No final de tudo, eu me sentia nova.

Durante a massagem, ou a parte que eu fiquei acordada, lembrei-me do porquê eu ter feito tantos pacotes no passado. Eu usei a massagem, mesmo que intuitivamente, para me reconectar com o meu corpo, no processo de aceitação da minha forma curvilínea como mulher. Ela foi importante para eu voltar a sentir e a amar cada parte de mim mesma. Ela me mostrava o prazer que o toque proporcionava e, no final, eu sabia que aquilo não estava ali para o meu mal.

Nem a minha barriga, nem as minhas coxas grossas demais, nem os seios que nunca seguraram uma caneta BIC de verdade. Eles eram partes minhas, importantes. Eram o meu templo, como portas e janelas, para que eu mostrasse o mundo quem eu era. O que eu queria. Como eu queria e com quem queria. Aquilo me reconectou de uma maneira única e especial. Eu era eu novamente.

Depois disso, consegui muitos trunfos. Fui dançar, coloquei esse corpo em movimento. Voltei a sair com homens, coisa que fazia com dificuldade por não aceitar o meu corpo. Enfim, me tornei uma mulher de verdade.

E, hoje, deitada e entregue, eu vi a importância de amar o seu templo e de voltar ao seu corpo, a sua casa. De sentir cada pedaço dele, trazer toda a energia sexual, amorosa, fraternal e depositar ali, nas suas próprias partes. Ser uma mulher delicada, fina, mas forte e saudável. Essa é a melhor volta que podemos ter. A verdadeira volta para casa.

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