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Beco sem saída

Ibaneis foge de professores e manda justiça acabar greve

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José Seabra - Foto Paula Farias

Ibaneis Rocha mandou e a Procuradoria-Geral do Distrito Federal obedeceu. A greve dos professores da rede pública de Brasília foi judicializada. A ordem é não medir esforços para que o Poder Judiciário declare a paralisação ilegal. Se a liminar for concedida, a multa diária para os grevistas será de 300 mil reais. Mas nem por isso a diretoria colegiada do Sinpro se permitiu intimidar. Em nota, o sindicato afirma que “diante da falta de argumentos que justifiquem o tratamento que Ibaneis tem dispensado à educação pública nos últimos cinco anos, ele apela para a tentativa de criminalização de um movimento legítimo que apresenta uma pauta de reivindicações justa – conhecida por ele desde a sua primeira campanha eleitoral”.

Na mesma nota, o Sinpro diz ter provas de todas as tentativas feitas para estabelecer diálogo com o governo. Só neste ano, sete pedidos de audiência foram protocolados, sendo o último deles em março, quando o governador retornou do afastamento que a Justiça lhe impôs pelos atos golpistas de 8 de janeiro. “Não obtivemos resposta”, enfatizam os professores. Ibaneis, segundo o Sinpro, desonra, de forma ilegal, o Plano Distrital de Educação. Está na lei: os salários do magistério devem equivaler às médias dos salários das carreiras de ensino superior. E os professores estão em penúltimo lugar.

O Sinpro jogou duro contra a decisão de Ibaneis bater às portas do Judiciário. “O DF, que sempre se orgulhou de pagar corretamente os servidores e servidoras da Educação, hoje não cumpre a lei. E recorre à Justiça para continuar não cumprindo a lei. (…) Divulga dados inverídicos sobre a remuneração do magistério”. É mentira, segundo a entidade, que o Buriti paga os melhores salários do Brasil para os seus professores.

A greve dos professores foi motivada por um aumento pífio de 6% este ano, quando o Buriti, falaciosamente, diz que o reajuste é da ordem de 18%. Esse percentual, porém, só será atingido em 2025. E hoje representa apenas 200 reais a mais no contracheque. Enquanto isso, o governador se autoconcedeu um reajuste de 25% de uma só vez, o que representa mais 5 mil 800 reais no bolso.

As reivindicações dos professores vão muito além da pauta financeira. Além de amargarem um período de pior salário da história da categoria, ainda enfrentam todas as dificuldades impostas pelo abandono das escolas públicas. São salas de aula superlotadas, insegurança diante da violência, falta de professores e orientadores educacionais, sucateamento da educação inclusiva e da educação de jovens e adultos, atrasos recorrentes nos repasses do Programa de Descentralização Financeira e Orçamentária e estrutura inadequada.

“Os problemas são muitos”, enfatiza o Sinpro. E acrescenta: “É por isso que lutamos pela defesa da qualidade da escola pública, onde estuda a grande maioria dos filhos e filhas da classe trabalhadora. Não existe valorização da educação pública se não houver valorização dos profissionais que nela atuam”. Ibaneis, encerra o sindicato, está num beco sem saída. E a responsabilidade da greve é exclusivamente dele.

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