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Agressão presidencial

Imbrochável Bolsonaro mantém medo de perder a boquinha

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Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo - Foto Marcelo Camargo

Depois de transformar o simbolismo do dia 7 de Setembro em decadente show pessoal e pelo menos dois cartões postais do País – Esplanada dos Ministérios e a praia de Copacabana – em terreiros para trabalhos pirotécnicos de fanáticos deslumbrados com o poder, o mito provou que falta muito pouco para destruir definitivamente a Pátria Amada. Na verdade, nesses três anos e nove meses de mandato, o tenente presidente fez de tudo um pouco para o sucesso dele e de suas famílias física e espiritual, esta última formada majoritariamente por pastores famintos e empresários endinheirados que formam em suas fileiras golpistas. Para o povo que o elegeu (ou não) e até para os que o idolatram, o imbrochável mandatário ainda não disse a que veio.

De concreto, o governo de Deus acima de tudo está bem abaixo de todas as expectativas do eleitorado que nada tem a ver com a impopularidade interna e externa de um aprendiz de feiticeiro. Ainda que qualquer tipo de pergunta ao líder da República e apoiadores seja uma ofensa, não custa insistir: Cadê o presidente eleito em 2018 para conduzir o Brasil de todos? Sumiu ou nem apareceu para saudar o povo? Nesse período em que a maioria do eleitorado cobrou sua presença, o que se viu foi ridículo. Além de ataques à imprensa e ao ex-presidente Luiz Inácio, o governo ficou limitado a discursos vazios sobre corrupção e debates religiosos relativos aos valores da família.

Ambos são temas ricos para a sociedade, desde que a discussão envolva pessoas com opiniões diversas e que possam questionar a respeito de sua própria família (a dele), cujos exemplos, em uma escala de zero a dez, talvez não cheguem a cinco. Pois bem, o tradicional desfile militar de 7 de Setembro virou um patético evento de campanha. Nada que não esperássemos. Mais interessante do que a broxante “cerimônia” foi sua repercussão. O resultado comprovou o que as pesquisas indicam: o povão (não os 30% de fanáticos) quer mudança, pois está de saco cheio de tons fascistas e de ameaças de golpes caso o resultado de 2 de outubro seja contrário ao sonho bolsonarista de perpetuação.

Em suma, a preocupação da parcela que certamente votará preocupada com o futuro da nação é proporcional ao medo do presidente em perder a boquinha. Os brasileiros que imaginavam uma festa cívica ficaram perplexos. Perderam a oportunidade de cantar o Hino Nacional e de se enrolar patrioticamente no Pavilhão Nacional. Ouviram tanta baboseira que muitos sentiram saudade dos manifestos (ordem do dia) lidos pelos comandantes militares da ditadura de 1964. Quem viveu aquela época lembra que, além de bem escritos, os textos tinham conteúdo e mensagens razoáveis. O fato é que o blá blá blá eleitoreiro do bicentenário do Dia da Independência passou do limite do lamentável. Os organizadores do panfleto motivacional misturaram política com religião, criaram um mote que serviu para comparações idiotas sobre a beleza de esposas do atual e do ex-presidente e, o que é pior, deram voz à primeira-dama, que, ao que eu saiba, não é candidata a nada.

Pois a moça falou como se fosse ela a presidenta brasileira. Enfim, numa avaliação menos grosseira, podemos afirmar que o que foi dito ao longo do dia degradou a democracia, desmoralizou o país e recuperou algumas dúvidas muito particulares. Por exemplo, a potência sexual de sua excelência é uma questão interna corporis. Não rende votos. No entanto, a necessidade dele costumeiramente reiterar que é imbrochável suscita algumas discussões. Digo isso porque, com dois, três ou mais casamentos, os demais candidatos não têm essa necessidade. Ficou claro que a agressão presidencial aos valores da República teve por objetivo reunir multidões para tentar desmentir as pesquisas que dão a Lula uma quase certa vitória na próxima eleição.

Se ele imaginou um novo impulso, esteja certo de que os grandes brasileiros, os magistrados sérios e os eleitores sensatos e verdadeiramente cidadãos não permitirão que as irresponsabilidades de um medíocre chefe de governo acabem de vez com o que ainda resta da nação libertada por Dom Pedro. O Brasil não pode virar uma eterna piada de português. De acordo com alguns analistas, isso não ocorrerá, pois, apesar da parafernália, Jair Messias não avançou. Ficou na mesma. Falou exclusivamente para os 30% de eleitores que apostam no fim do país.

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