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Imperatriz usa famosos na avenida para reaver o cetro

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A Imperatriz Leopoldinense foi buscar no continente africano as influências para produzir o desfile deste ano. A escola foi a quinta desfilar na segunda noite do Carnaval carioca. A agremiação entrou na avenida buscando a vitória, já que passa por um jejum de títulos que dura 14 anos.

Com coreografia de Fabio Batista, a Imperatriz também levou para a avenida um grupo de dançarinos de passinho, um estilo que surgiu da mistura do funk com o samba. Oito jovens, entre 14 e 22 anos, fizeram performances na primeira ala da agremiação.

O abre-alas da Imperatriz impressionou pela exuberância das cores e movimento. O carro trazia na frente esculturas de animais em tons cítricos de amarelo, vermelho, azul e verde e, no centro, aves gigantescas que giram.

A escola foi para avenida com muitas cores fortes e brilhantes e repleta de referências tribais, com diversas estampas tradicionais. As heranças que os negros trouxeram para o Brasil também apareceram na Sapucaí, com alegorias que representavam festas populares, como o reisado e o maracatu, além da culinária, com um carro que trazia uma baiana com seus acarajés.

Entre as alas, chamou atenção um setor fantasiado de zebras, que realizavam uma coreografia durante a passagem pelo sambódromo.

O último carro da escola prestou uma homenagem a Nelson Mandela, que morreu em 2013. O ex-presidente da África do Sul foi um dos ícones na luta contra o Apartheid, o regime de segregação racial que vigorou naquele país. A homenagem ao líder sul-africano serviu para lembrar o combate ao racismo. O cantor Elymar Santos foi um dos destaques deste carro.

Durante o desfile, a escola prestou homenagem também a um dos mais famosos casais de mestre-sala e porta-bandeira do Carnaval carioca, Chiquinho e Maria Helena. Os dois atuaram por 25 anos na escola, período no qual a Imperatriz ganhou seis de seus oito títulos.

Para o carnavalesco Cahê Rodrigues, a escola deixou uma mensagem contra o preconceito e o racismo. “A escola desfilou perfeitamente e deixou o recado. É cafona ser racista. Nada é maior que o amor. Mostramos a verdade nua e crua”, disse. “A gente vive em um país onde o negro impera, não podemos mais admitir racistas no Brasil”.

Depois de fazer cirurgia de redução de estômago e perder 71 quilos, o apresentador André Marques foi um dos destaques entre os famosos que desfilaram pela escola.

O ex-jogador de futebol Zico também voltou a desfilar como destaque de um dos carros da Imperatriz, depois de ser homenageado em 2014. “Estou muito emocionado em estar aqui. Ano passado eles fizeram uma homenagem para mim, esse ano volto novamente. É sempre uma alegria”, disse.

Ao lado de Zico, a jornalista Glória Maria foi destaque na abertura do desfile. Eles ocuparam um tripé que vinha antes do abre-alas.

Os atores Elisa Lucinda e Antônio Pitanga vieram representando Orfeu e Eurídice no carro em homenagem a Mandela. Como o casal da peça de Vinicius de Moraes, Haroldo Costa e Ruth de Souza foram os primeiros atores negros a se apresentarem no Theatro Municipal do Rio.

“Vir em um carro representando o grito de liberdade foi a coisa mais incrível que eu já vivi”, disse ela. “Foi uma maravilha falar de Mandela, da negritude, de um tema muito atual”, afirmou Pitanga. “Esse tema é sempre presente.  Ainda não temos essa democracia racial”, concluiu.

Desde 2011 longe da TV, a atriz Isabel Fillardis veio como rainha de Gana, em um tripé. “É meu primeiro ano na Imperatriz. É uma escola tradicional, sem grandes modernidades, mas que está com um lindo enredo e samba”. Sobre novos trabalhos na TV, ela disse: “Já está na hora de voltar, se surgir algum convite estou dentro”.

À frente da bateria reinou a atriz Cris Vianna, com uma fantasia de metal dourado que chamou atenção pela originalidade. “Foi uma das coisas mais lindas da minha vida. Foi maravilhoso”, disse ela, na dispersão.

Além de personalidades negras famosas, a escola contou com a presença de Vinícius Romão, 28, carioca que ficou preso por mais de dez dias depois de ser confundido com um bandido. “A cultura negra não pode ser lembrada só no Carnaval”, disse.

Pelo menos duas pessoas foram retiradas em cadeira de rodas do terceiro carro alegórico da Imperatriz, vítimas de mal-estar. Devido às remoções e ao socorro, integrantes da escola tentaram apressar a saída do carro assim que os componentes foram resgatados, para evitar atrasos. Pessoas que desfilavam em alas também chegaram à dispersão precisando de cuidados médicos.

Minutos antes, bombeiros que atuam no sambódromo foram acionados porque começou a sair fumaça do carro alegórico que representava um navio negreiro. Os militares chegaram a pedir aos destaques que descessem da alegoria, mas eles optaram por continuar desfilando.

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