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Cueca suja

Jair Bolsonaro está mandando recado que se for preso ‘vai dar merda’

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Autor/Imagem:
Arimathéia Martins - Foto de Arquivo/Reprodução das Redes Sociais

A degradação humana e de algumas instituições públicas, entre elas a Polícia Militar, vem atingindo níveis assustadores e somente vistos nas republiquetas de banana. A pretexto de emparedar e amedrontar o Poder Judiciário, um ex-presidente com direitos políticos cassados tem percorrido o país tentando arregimentar forças para impedir sua provável iminente prisão.

O claríssimo recado que ele quer passar aos ministros do Supremo Tribunal Federal, particularmente a Alexandre de Moraes, é o seguinte: se eu for preso, vai dar merda. Autoridades do STF e dos demais poderes precisam informar a esse cidadão que foras da lei têm de pagar por seus erros.

Por muito menos, Luiz Inácio ficou recolhido por dois anos e em nenhum momento ameaçou a nação de insurreição. Falando em emparedamento, nada pior do que as tentativas dos presidentes da Câmara e do Senado de manter o controle do governo Lula como mantinham o do antecessor.

Publicamente, um deles já culpou a maioria do eleitorado por ter escolhido um presidente progressista e, em sua maioria, um Congresso conservador. É o fim do mundo um parlamentar de peso dizer tal asneira. Na verdade, isso só prova a incapacidade que ele tem de aglutinar seus comandados em benefício do povo.

Para quem diz que esse tipo de conflito é comum a toda democracia, talvez a inércia seja algo muito mais grave do que a incapacidade de um czar político, cuja liderança produziu muito pouco de funcional para o Brasil e para a população. Com certeza, esse pode ser um jogo capaz de transformar o Brasil no país sonhado pelos “patriotas”, que, por exemplo, conseguiram transformar a Polícia Militar, uma corporação secular, na escória da sociedade.

O que querem essas pessoas? Colocar fogo no parquinho? Se não sabem brincar, não desçam para o play.

Eu não pagaria para ver. Imaginem uma batalha (não estamos longe dela) generalizada, envolvendo democratas e antidemocratas. Se os policiais militares torturam um colega de farda, um aspirante a uma vaga especial, como fizeram os PMs do Distrito Federal, o que não fariam com aqueles que eles apontam como antagônicos?

Farão muito pior do que fizeram no período mais duro da ditadura os meganhas pagos pelo povo. E, como antes, não escolherão em quem dar porrada. Parece piada, mas eram e são servidores públicos torturando e matando os que deles deveriam se servir.

O Brasil e o mundo sempre tiveram oposição. Bolsonaro teve oposição. A diferença é que nunca, em tempo algum, exceção para o período ditatorial, houve ameaças veladas ou óbvias de ruptura fora do contexto político. Se o desejo incontido é o de governar novamente o país, esperem as eleições gerais, concorram e vençam.

Caso contrário, aceitem o resultado. Dói e incomoda muito menos. Entendam que não há hipótese de retomarem o poder à força. Luiz Inácio não vai renunciar e o povo ordeiro certamente o ajudará a se sentir mais forte para governar.

Tirem o cavalinho da chuva, pois Jair Bolsonaro, Silas Malafaia, Rodrigo Pacheco, Airton Lira, Tarcísio de Freitas, Romeu Zema, Ronaldo Caiado, entre outros, não são capazes de fechar o STF ou de tirar Lula da cadeira de presidente. Entre a teoria e a prática há um abismo colossal.

Da mesma forma que a utilização das polícias como plataforma política é uma aberração, a crescente violência da PM estimulada pela direita bolsonarista só serve para expor o Brasil a novas situações de ridículo. Em São Paulo, parece que Tarcísio de Freitas quer transformar a PM em esteio para seus pensamentos histriônicos.

O risco de excluir a Polícia Civil é chamar contra ele um contingente que é tão grande como sua sede de poder.

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