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Jaques aposta em reviravolta no impeachment e sugere a renúncia de Michel Temer

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Felipe Meirelles

O ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República, Jaques Wagner, avalia que o resultado da votação na comissão especial do impeachment indica que o Planalto pode conseguir 213 votos no plenário da Câmara dos Deputados. Caso consiga esses votos, o processo será encerrado.  A partir dessa reviravolta, indicou, o vice Michel Temer deve renunciar. Quanto ao governo, caberá calçar as “sandálias da humildade”.

A manifestação de Jaques foi após a comissão do impeachment aprovar, por 38 votos a 27, o relatório favorável ao afastamento de Dilma do cargo. Segundo o ministro, a proporção dos votos na comissão ficou dentro das expectativas do governo, e fez com que a previsão de haver mais de 200 votos contrários ao impeachment se mantivesse.

Pelas contas do ministro, os votos contrários ao governo somaram 41%. Se esse percentual for mantido no plenário, disse, o governo teria 213 votos, acima dos 172 necessários para derrubar o processo.

No entendimento do ministro, os parlamentares que votaram contra o parecer favorável ao impeachment são “heróis da democracia”. Questionado se, reprovado este pedido, a Câmara dos Deputados não poderia apreciar outras denúncias contra a presidenta, ele pregou “humildade” do governo e “serenidade do lado de lá”.

“Acho que todo mundo tem instinto de sobrevivência, e espero que depois de domingo, encerrado e barrado esse processo do impeachment, o bom senso volte a reinar. Da nossa parte, seguramente estaremos com a sandália da humildade. Que eu acho que, após esse processo, não cabe rancor e raiva, ao contrário. Cabe compromisso com o Brasil, com a nossa gente, com a economia brasileira”, declarou.

O processo “pela derrubada” de Dilma, admitiu, tem atrapalhado o Brasil nos últimos 15 meses e impedido uma agenda propositiva que resgate o crescimento econômico e a geração de emprego. “Os contra o governo, ou se preferirem, os que pregam esse golpe dissimulado, podem comemorar o número, mas eles têm consciência que esse número não dá a eles o resultado que gostariam”, disse.

Fora Temer – Jaques sugeriu que, após o vazamento do áudio em que o vice-presidente Michel Temer fala como se o processo de impeachment já tivesse sido aprovado pela Câmara dos Deputados, só restaria a ele renunciar, caso os deputados não deem prosseguimento à denúncia.

Michel Temer, nas palavras de Jaques, se precipitou ao fazer a gravação, e teria intenção de vazar propositalmente a mensagem de voz. “[Temer] macula sua própria história, rasga a fantasia e assume papel que antes poderia estar escondido, de patrocinador do golpe. Não me consta que ele tenha bola de cristal. [Na] votação de domingo, ele pode ficar desmentido e um pouco sem saída. Uma vez desmentido, só restaria renúncia”.

No áudio, classificado por Temer como mensagem de “palavra preliminar à Nação brasileira”, o vice-presidente diz que precisa estar preparado para, caso os senadores decidam a favor do impeachment, enfrentar os “graves problemas que afligem” o Brasil, mas lembra que a decisão do Senado deve ser aguardada e respeitada.

No comunicado, ele pede a pacificação do país, diz que é preciso um governo de “salvação nacional”, com colaboração de todos os partidos para sair da crise, e defende apoio à iniciativa privada como forma de gerar investimentos e confiança no Brasil.

Jaques traduziu o sentimento de perplexidade de Dilma Rousseff com o áudio, assim como os demais representantes do governo, já que Temer é um “companheiro de chapa que nunca disse sequer que rompeu com o governo”. Para o ministro, o vice-presidente deveria no “mínimo, ter a grandeza ou a inteligência” de Itamar Franco, que assumiu a Presidência como “consequência” do impeachment de Collor, em 1992.

“Assim como a carta, na minha opinião não foi vazamento. Na minha opinião, alguém, algum assessor dele, que eu não sei quem é, imaginou que isso poderia criar um espírito do ‘Já ganhou’, e portanto, ser passado assim. Tanto que ele diz que enviou equivocadamente. Não fica muito bem para o vice-presidente da República que pretende ser presidente indireto dizer que se equivocou”, disse Wagner. O ministro afirmou ainda que, com o fato, Temer “conseguiu o que pode ser o tiro de misericórdia no processo do impeachment”.

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